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movimentos sociais mst
2009-01-20
Ao completar 25 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem como estratégia para 2009 atuar também nas cidades e participar de uma frente ampla pela garantia da estatização do petróleo.

Utilizando o velho slogan "o petróleo é nosso", o MST, que não descarta invasões para atingir a meta, prega a mobilização conjunta com trabalhadores urbanos, Igreja e setores partidários.

"O MST está disposto a fazer o que for necessário para garantir que o petróleo brasileiro, do pré-sal em especial, não seja privatizado. Isso significa luta, marchas, ocupações, campanha pública, uma série de ações", disse a jornalistas João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST.

O dirigente afirma que o MST está ajudando a criar um comitê nacional em defesa do pré-sal e nega que esteja perdendo adeptos e mudando de rumo apesar de buscar a partir de agora uma política de alianças com movimentos urbanos.

"O MST não é um movimento que na carteira de identidade ou nos nossos princípios esteja dizendo que nós somos um movimento camponês sem-terra e só vamos lutar pela terra. Nós lutamos pela melhoria da sociedade brasileira. Por isso estamos empenhados nesta campanha do petróleo é nosso", afirma Rodrigues, para quem as novas descobertas estão sendo disputadas por empresas de todo o mundo.

O pré-sal é uma faixa de 800 quilômetros que se estende do Espírito Santo à Santa Catarina e possui reservatórios gigantes de petróleo, descobertos pela Petrobras em 2007, que podem conter bilhões de barris e colocar o Brasil entre os maiores produtores do mundo.

FESTA SEM LULA

Criado em 1984, o MST realiza as comemorações dos 25 anos em Sarandi, no Rio Grande do Sul, a partir desta terça-feira. Pela primeira vez, nenhum integrante do governo Lula foi convidado para a principal celebração, no sábado, com a presença de lideranças e autoridades. Do exterior, deve vir o ativista francês José Bové. Governadores como Roberto Requião (PMDB-PR) e Jackson Lago (PDT-MA) confirmaram presença.

O MST, que apoiou a eleição de Lula em 2002 e quatro anos depois apenas no segundo turno, se decepcionou com o não cumprimento das metas de assentamentos e critica o que classifica como sua opção pelo agronegócio.

"Podemos valorizar o governo Lula, que não criminalizou o MST, que não foi um governo repressor, que não foi um governo que se negou a dialogar. Agora, isso não representou na prática melhores condições dos assentados ou um número maior de assentados como se previu", analisa Rodrigues, para quem "Lula é aliado dos ruralistas e do agronegócio e não dos sem-terra".

De 2003, primeiro ano do presidente Lula, a 2007, foram assentadas 449 mil famílias, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Houve um pico de 136,3 mil famílias em 2006 e apenas 67,5 mil em 2007. Os números oficiais do ano passado saem em fevereiro. Para o MST, 2008 terá o pior desempenho dos últimos anos, com estimativa de 20 mil famílias assentadas.

Segundo o movimento, a meta inicial do governo Lula era assentar 1 milhão de famílias em um mandato e o governo se dedicou mais à regularização de áreas já existentes do que a novos assentamentos. Dados de especialistas indicam que 1,6 por cento dos proprietários controla 46,78 por cento das terras brasileiras.

Na estimativa do geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, professor da Unesp, existem no Brasil 1 milhão de famílias já assentadas desde que começaram os assentamentos e há 7 milhões à espera de terra.

O MST representa 100 mil famílias acampadas à espera da terra e 350 mil famílias assentadas. Segundo seus dirigentes, o movimento é mantido por recursos da produção de alimentos dos assentados, por meio de contribuições da sociedade civil e governos do exterior, como a União Europeia, Espanha e Noruega.

(Por Carmen Munari, Reuters, G1, 19/01/2009)

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