A história da organização camponesa no País será comemorada por uma semana no Encontro Nacional do Movimento Sem Terra (MST), em Ronda Alta, no Rio Grande do Sul. Ao todo, cerca de 50 militantes do Espírito Santo participarão do evento, que discutirá a conjuntura política do movimento no País e os problemas de cada região.
Ao todo, há no Espírito Santo 3 mil famílias morando em 60 assentamentos do MST. A informação é de que cem mil famílias ainda podem ser assentadas somente nas terras devolutas. O Estado tem um milhão de hectares de terras devolutas, segundo dados do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). São devolutas grandes áreas de São Mateus, Aracruz e Linhares, no norte do Estado.
Neste contexto, os capixabas deverão se juntar a mais 1,3 mil militantes de todas as partes do Brasil para discutir as expectativas para 2009 e festejar os 25 anos do movimento.
O MST surgiu em 1984, quando o País vivia um período intenso de lutas sociais, ao voltar a questionar o latifúndio, colocando a ocupação de terra como forma de ação concreta e legítima na luta pela reforma agrária.
Desde então, o MST foi responsável pelo assentamento de 370 mil famílias em 7,5 milhões de hectares em todo o Brasil. Estas famílias lutam atualmente por melhores condições de vida e por mudanças no modelo agrícola. Além disso, lutam contra a concentração de terra através do agronegócio. Só no Estado há, por exemplo, cerca de 240 mil hectares de terras ocupadas pelos eucaliptos da Aracruz Celulose.
Além da luta pela reforma agrária, no Espírito Santo o MST atua em prol do meio ambiente, recuperando margens de rios, como ocorreu no Rio Doce, em Linhares, norte do Estado. É em Linhares também que o movimento criou o primeiro assentamento agroecológico no Estado.
Entre as ações para 2009 que serão discutidas no encontro, no sul do País, estão medidas em prol do meio ambiente e da soberania alimentar.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 20/01/2009)