A cidade de Pardinho, no interior de São Paulo, acaba de ganhar o primeiro espaço cultural brasileiro sustentável. Inaugurado em dezembro de 2008, o Centro de Cultura Max Feffer foi construído dentro das regulamentações que preservam o meio ambiente e contribuem para o seu equilíbrio, utilizando técnicas inovadoras, ecológicas e sustentáveis. Com aproximadamente 6 mil m², o espaço é dedicado para disseminar e incentivar o desenvolvimento da comunidade local e das cidades da região. O centro abriga biblioteca, laboratório de inclusão digital, auditório, museu do bambu, ponto de informações turísticas, sala de exposições e sala de reuniões com completa infra-estrutura para uso da população.
O projeto é assinado pela arquiteta Leiko Motomura e a reutilização de materiais esteve presente desde o início da construção. “Preocupamo-nos muito com a arquitetura. Utilizamos técnicas e materiais antigos misturados com altíssima tecnologia”, conta Luiz Alexandre Mucerino, vice-presidente do Instituto Jatobás, responsável pelo centro de cultura. O escoramento da laje, por exemplo, foi feito com eucaliptos utilizados em outras obras, tijolos de demolição foram reaproveitados nas alvenarias aparentes e chapas de ferro estampadas de resíduos industriais nos gradis de fechamento da sala de leitura.
Na parte de iluminação, o espaço investiu na geração de energia solar, lâmpadas LED e sensores de presença que reduzem o consumo de energia ao mínimo necessário. A energia solar passiva também foi utilizada para calefação das salas de reunião e biblioteca.
Para garantir uma temperatura ambiente agradável foram utilizadas telhas Onduline, desenvolvidas com fibras vegetais e com pintura externa branca, favorecendo a baixa transmissão de calor e ruídos. “Pensamos no bem-estar de quem estará utilizando o local”, comenta Mucerino. Outra técnica que merece destaque é o aumento da permeabilidade no solo. Foi desenvolvido um sistema de drenagem do terreno que substitui os pedriscos por Garrafas Pet amassadas.
Além disso, a tecnologia de reuso da água filtra a água da chuva e junta com o esgoto cinza em uma cisterna, para utilização nas descargas dos vasos sanitários.
Já o esgoto primário, após passar por uma estação de tratamento interno, desenvolvida com raízes de plantas, é direcionado para reutilização na irrigação dos jardins. Os metais sanitários escolhidos para controle de fluxo de água são as descargas de dois toques e a torneira com fechamento automático. Com essas medidas, em um período de 12 meses só será utilizada água potável para esses fins em 30 dias. “Sem dúvida, é uma obra com um orçamento mais elevado. Mas, se analisada pelo ciclo de vida, ao longo dos anos, acaba sendo bem mais econômica, além de preservar o meio ambiente”, explica o vice-presidente.
O centro de cultura está pleiteando a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), concedida pelo Green Building Council, um dos certificados mais importantes na área de edifícios verdes ecologicamente corretos. O Centro de Cultura Max Feffer faz parte do projeto Ecopolo Rede de Desenvolvimento Sustentável Municipal, do Instituto Jatobás, experiência piloto em Pardinho em busca de caminhos sustentáveis.
Fundado em 2002, o Instituto Jatobás agrega o potencial participativo do governo municipal e dos habitantes da cidade para a construção de um pacto social, com distribuição de papéis e responsabilidades individuais, coletivas, organizacionais e institucionais.“O Instituto funciona como um catalisador para ajudar na implantação de ações sustentáveis e na mobilização de pessoas”, explica Mucerino.
Nesse sentido, um dos primeiros focos de atuação do Instituto é a área da educação. Já foi concluído um programa de capacitação de professores do município baseado no modelo de educação global para a sustentabilidade. Outra iniciativa é um projeto de agricultura familiar que acontece por intermédio do Projeto Piloto de Desenvolvimento Rural Sustentável.
(Pauta Social, adaptado por Celulose Online, 18/01/2009)