A situação das 170 famílias, ou aproximadamente de 650 pessoas, que ocuparam no ano passado uma área de terras no bairro Vicentina, em São Leopoldo, pertencente a empresa Cerâmica Anita, segue indefinida. Mesmo com uma ação de reintegração de posse impetrada pelos proprietários da área em trâmite na Justiça, uma comissão formada para coordenar os ocupantes contratou os serviços de um engenheiro civil, fez uma planta do loteamento que pretende erguer no local e começou a demarcar os lotes. Representantes da comissão afirmam que há diálogo para compra do terreno, versão que é contestada por um dos proprietários do imóvel. A Secretaria Municipal da Habitação aguarda entrega do cadastro das famílias para avaliar como poderá intervir no caso.
De acordo com Mauro Dias, que se apresenta como coordenador estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e está trabalhando junto aos ocupantes, os moradores estão se reorganizando. "Queremos fazer tudo da forma correta. Estamos promovendo o cadastramento e em processo de diálogo para tentar comprar a área, por isso a questão da reintegração está parada. Não queremos nada de graça, mas se tem de cumprir o papel social da terra: ou se planta ou se mora em cima dela." Segundo ele, foi feita uma planta do local para realocar casas que foram construídas em locais impróprios, como ruas que ficam na área. "Nossa intenção é fazer um loteamento nas formas previstas pelo Plano Diretor de São Leopoldo, com lotes de 160 metros quadrados."
Terras
Procurado pela reportagem do Jornal VS, um dos proprietários da área, que fala pela Cerâmica Anita e prefere não se identificar, nega ter sido procurado pelos ocupantes. "E se me procurarem será perda de tempo. Com invasores não se negocia e sob pressão não se negocia. Queremos a terra, que tem dono, limpa o mais rápido possível. Não há nenhuma intenção de se vender aquelas terras."
A secretária municipal de Habitação, Isabela Albrecht, informou que a comissão que representa as famílias teve uma reunião com a equipe da Prefeitura. "Eles nos passaram exatamente o que têm dito para a imprensa e o acordo foi de que eles fariam o cadastramento das pessoas e um documento formal pedindo uma posição oficial do município." Isabela adiantou que assim que sua pasta estiver de posse do cadastro contatará o setor de assistência social e irá até o terreno avaliar o que poderá ser feito por parte do município.
(Jornal VS, 19/01/2009)