Um aumento das chuvas na Península Antártica está acelerando o degelo de geleiras como a Sheldon, que diminuiu 2 km, em 20 anos, e está aumentando ligeiramente os níveis do mar.
"A chuva é muito corrosiva para as geleiras e ao menos, em parte, é responsável pelo seu recuo", disse David Vaughan, glaciologista britânico da Investigação Antártica, a bordo de uma lancha rápida e inflável em uma baía que já esteve coberta por gelo durante milhões de anos. "A geleira tem recuado desde 1989. E o mesmo ocorre com 87% das 400 geleiras na Península Antártica."
O gelo se quebra quando rochas de 70 metros de altura da parte dianteira da geleira Sheldon desmoronam, algumas com uma cor branca azulada. Os icebergs quebram algumas vezes no mar, onde nadam os pingüins e as focas.
A borda dianteira da Sheldon – uma pequena geleira comparada com outras comuns na Antártica – diminui 2 km desde 1989, aparentemente por causa do aquecimento global causado pelos gases de efeito estufa emitidos quando se queimam combustíveis fósseis, explicou Vaughan.
Na sexta-feira e na quinta-feira, as temperaturas estavam baixas e o céu estava claro. A chuva caiu na geleira na quarta-feira, e já havia caído várias vezes este mês.
Vaughan disse que a chuva está cada vez mais freqüente no verão da península. A península está se aquecendo mais rapidamente que qualquer outro lugar do hemisfério sul.
Líder do Painel Climático da ONU, Vaughan acrescentou que haviam sinais de preocupação, porque as grandes geleiras do sul também estavam começando a jorrar mais água para o mar:
"O degelo das geleiras da ilha Pino, a uns 500 km ao sul, também está acelerado."
A península cobre uma fração da Antártica, um continente gelado maior que os Estados Unidos e que contem a maior parte de água doce.
Tratado - Mais de 190 governos estão de acordo em elaborar até o fim de 2009 um novo tratado da ONU para combater o aquecimento global, em parte porque temem que o aumento do nível do mar poderia sumir com as ilhas do Pacífico ou inundar as cidades costeiras desde Amsterdã a Sidney.
As altas temperaturas médias da península aumentaram até três graus nos últimos 50 anos diante da média mundial de 0,7 graus no último século.
(JB Online, AmbienteBrasil, 19/01/2009)