Teve início após muitas ocupações em todo o país, quando os camponeses foram conscientizados para lutar pela reforma agrária
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) completa 25 anos nesta semana. A comemoração do aniversário será realizada entre o dia 20 e o dia 24 em Sarandi, na zona da Produção, no assentamento da Fazenda Annoni, onde o MST realizará o 13º Encontro Nacional, esperando cerca 1,5 mil integrantes. Nos três primeiros dias, as reuniões serão fechadas, objetivando avaliar a situação da reforma agrária e da agricultura.
A festa do aniversário será realizada sábado, dia 24. 'O local escolhido é um símbolo para o MST e o Rio Grande do Sul também. Foi esse um dos estados que iniciou a retomada da luta pela terra no país em 1979, além de 2008 ter sido um ano marcado pela criminalização do movimento', afirma Ana Hanauer, uma das integrantes da coordenação nacional do MST. A data do encontro coincide com o evento que oficializou a criação do MST, em evento realizado em Cascavel (PR), em janeiro de 1984.
Um dos fundadores do MST, João Pedro Stédile, lembra que a criação do movimento ocorreu em uma época de ressurgimento do movimento de massas no Brasil. Entre 1979 e 1984, realizaram-se dezenas de ocupações de terra em todo o país. 'Os camponeses não queriam mais migrar para a cidade', enfatiza Stédile. Segundo ele, nesse contexto, o objetivo dos trabalhadores sem terra era organizar um movimento de massas nacional para conscientizar os camponeses a lutarem pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa e igualitária. 'Queríamos combater a pobreza e a desigualdade social, causada pela concentração de propriedade da terra, apelidada de latifúndio', explica Stédile.
Atualmente, o MST tem como alvo as empresas transnacionais, que ampliaram sua atuação no setor primário brasileiro. 'A luta pela reforma agrária, que antes se baseava apenas na ocupação de terras, agora ficou mais complexa. Temos que lutar contra o capital internacional e a dominação das transnacionais', sustenta Stédile. Ele e Ana Hanauer criticam a política de reforma agrária do governo Lula. 'No Brasil, 80 mil famílias esperam por um pedaço de terra nos acampamentos, sendo 1,8 mil no RS', ressalta Ana. Stédile lembra que Lula foi o único presidente da República eleito com apoio do MST, na esperança de a reforma agrária ser uma prioridade.
(Por Mirella Poyastro, CP, 18/01/2009)