Uma empresa portuguesa produtora de cortiça inaugura, na próxima quarta-feira, a primeira instalação mundial de reciclagem de resíduos, transformando rolhas usadas em misturas para isolamentos, material para aeronáutica e caiaques, entre outros novos produtos.
O local escolhido pela Corticeira Amorim para a iniciativa foi a cidade de Santa Maria da Feira, no norte do país. No evento de inauguração serão entregues para reciclagem as primeiras rolhas recolhidas em uma campanha da ONG Quercus em parceria com a empresa.
Segundo a Corticeira Amorim, a campanha vai contribuir para a preservação de espécies nativas e para reduzir as emissões de carbono para a atmosfera, pois evita que as rolhas sejam incineradas ou depositadas em aterros.
Simultaneamente, a campanha da Quercus permitirá o financiamento de parte do programa de conservação e recuperação da floresta autóctone "Cuidar das partes comuns: Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade".
Pertencente à Amorim Cork Composites, a nova instalação de Mozelos, Santa Maria da Feira, é a única licenciada em nível mundial para reciclar resíduos de cortiça.
Preservação
Segundo dados da Corticeira Amorim, a rolha de cortiça é responsável por cerca de 70% do valor agregado criado pela cortiça portuguesa e garante a preservação do meio ambiente. O montado de sobro, ecossistema de onde é extraída a cortiça, é um dos 25 mais ricos do mundo em biodiversidade. Em Portugal, a estimativa é que o ecossistema absorva 4,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que representa 5% das emissões do país.
Anualmente entram no mercado português cerca de 300 milhões de rolhas de cortiça, responsáveis pela fixação de milhares de toneladas de gases, sendo que a reciclagem atrasa a emissão desse carbono de volta para a atmosfera.
Além da componente ambiental, diz a Corticeira Amorim, o montado de sobro representa ainda um importante papel social e econômico, garantindo diferentes atividades econômicas em regiões carentes.
(UOL Lusa, 15/01/2009)