Um estudo pode tornar viável a produção de etanol a partir da mandioca açucarada, que está sendo pesquisada como matéria-prima para o etanol pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho. O intuito é facilitar a produção e o consumo local do etanol na Amazônia, principalmente no Pará.
A mandioca açucarada é uma boa matéria-prima para o combustível porque elimina algumas etapas na produção, simplificando o processo, utilizando menos energia e, consequentemente, menos recursos financeiros.
O diferencial está na forma como o açúcar é encontrado na mandioca. Para produzir o etanol, a açúcar tem que estar na forma de glicose. Na cana-de-açúcar, por exemplo, ele se encontra em forma de sacarose, e é preciso transformá-lo em glicose para depois produzir o álcool. Na mandioca açucarada, o açúcar já é encontrado como glicose.
Segundo Carvalho, a pesquisa está em fase de teste do produto para escala industrial. O pesquisador explica que o objetivo é a produção em microdestilarias, voltada para o consumo regional. "A ideia não é comercializar esse etanol da forma como se faz com o etanol de cana, mas que seja para uso local, como por exemplo para motores de barcos".
Vantagens ambientais
O pesquisador explica que a região ideal para a produção do etanol de mandioca açucarada é a Amazônia, mas a pesquisa também estuda produzir no Cerrado. "Em Belém, já produzimos 40, até 60 toneladas de raiz por hectare. É a melhor produtividade que tivemos. No Cerrado, conseguimos 10 toneladas por hectare", explica.
Apesar de produzir etanol na Amazônia, Carvalho acredita que essa produção não vai estimular o desmatamento. "Acredito que não teremos derrubada de florestas, porque não vamos precisar de grandes áreas de plantio. Por isso que nossa preocupação é em produzir para microdestilarias, para uso local e comunitário", diz.
Além disso, a mandioca açucarada apresenta vantagens do ponto de vista ambiental, se comparada com a cana-de-açúcar. Uma das vantagens é não ter necessidade de queima, como ocorre nos canaviais. "Outro exemplo é que a cana exige muito fertilizante e herbicida. No caso da mandioca, a agricultura é muito mais amigável ambientalmente", conclui.
(Por Bruno Calixto, Amazônia,
Carbono Brasil, 15/01/2009)