Com redes, os animais foram retirados da água, medidos e pesadosOs cágados que habitam o lago do Parque Moinhos de Vento, o Parcão, na Capital, passaram ontem por um check-up.
Com redes, os animais foram retirados da água, medidos e pesados. Uma amostra de sangue foi coletada para futuras análises. A ação faz parte do Projeto Chelônia-RS, uma parceria entre o Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam).
A intenção do projeto é acompanhar de perto a evolução dos cágados nos principais parques da cidade. Neste primeiro momento, a saúde é a prioridade. Depois de recolher as amostras de sangue, os veterinários levam o material para o laboratório, onde são realizadas análises que mostrarão a presença de possíveis doenças.
– Queremos fazer um apanhado geral da saúde dos cágados. Até o momento, não diagnosticamos vírus ou outras doenças – revela a veterinária que atua no projeto Gisele Stein.
Próximo passo será localizar ninhos e identificar sexo
Uma das conclusões dos estudos é que o número de animais nas proximidades do lago cresceu nos últimos anos. Segundo a bióloga da Smam Soraya Ribeiro, o crescimento se deve à chegada de animais exóticos, oriundos do tráfico. Ela também afirma que não há como contabilizar o número de cágados que habitam o Parcão.
– As pessoas compram os animais de forma ilegal e depois se arrependem. A opção mais cômoda é deixá-los nos parques, mas isso nos causa muitos problemas – diz.
Geralmente, os cágados abandonados vêm dos Estados Unidos e têm características diferentes das seis espécies nativas identificadas até o momento pelo estudo.
– Os animais exóticos são mais competitivos e prevalecem em relação aos cágados nativos. Se essa situação não for controlada de perto, pode causar problemas sérios no controle ambiental desses locais – explica Gisele.
O próximo passo do levantamento será localizar os ninhos e identificar o sexo dos animais. Logo depois, será o momento de realizar um levantamento genético do grupo:
– Alguns animais mais jovens podem ser resultado de uma cruza entre cágados de espécies diferentes. Esse levantamento poderá nos mostrar as novas características desses filhotes.
O levantamento no Parcão deve ser encerrado em março, quando os estudos se voltam ao Parque da Redenção.
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CÁGADOS OU TARTARUGAS?
Os animais que habitam os parques de Porto Alegre são cágados e não tartarugas. Embora sejam mais conhecidas pela maioria da população, as tartarugas só se desenvolvem em ambientes marinhos. Já os cágados são animais de água doce. Os jabutis, outro animal com características físicas semelhantes às dos cágados e às das tartarugas, são terrestres.
(Por Paulo Ludwig, ZH, 16/01/2009)