No feijão, mais de 10% da lavoura foi perdida. Prejuízo consolidado é de R$ 332 milhões no Estado
A Emater confirmou as perdas nas lavouras de milho e feijão decorrentes da estiagem, que ocasionou prejuízo de pelo menos R$ 332,36 milhões no Rio Grande do Sul. O rendimento médio do milho no Estado caiu para 3.272 kg/ha e a produção total, para 4.470.698 toneladas. Os valores representam redução superior a 16% em relação às projeções iniciais. 'Esta perda é consolidada e poderá se agravar', ressalta o engenheiro agrônomo da Emater Ataides Jacobsen.
Na região de Santa Rosa, que tem a segunda maior área cultivada de milho no Estado, de 205,9 mil hectares, a queda na produtividade chega a 50,35%. O volume colhido passou da estimativa inicial de 3.164 quilos por hectare para 1.571 kg/ha. A maior área plantada no RS está em Passo Fundo, de 250,67 mil ha, onde a quebra no rendimento chega a 27,86%.
Com isso, o Rio Grande do Sul terá que comprar de outros estados ou importar 1 milhão de toneladas de milho para atender à demanda interna. No Oeste catarinense, Paraná e Mato Grosso do Sul, também há perdas, assim como na Argentina, o que deve elevar o custo do grão. 'O Estado vai comprar milho cada vez mais valorizado e com preço maior de frete', observa Jacobsen.
A redução na oferta se reflete na valorização do produto.Os preços estavam em R$ 19,78 a saca de 60 quilos na semana passada e já tiveram recuperação para R$ 20,25, conforme dados da Emater, o que representa aumento de 2,38%. Em 30 dias, o ganho chega a 7,66%.
O feijão acumula perdas de 10,16% na produção, o equivalente a 9.498 toneladas a menos. A nova estimativa para o Estado indica colheita de 83.980 toneladas. O rendimento médio previsto agora é de 1.025 kg/ha, 1,63% menor do que na safra passada. 'A produção será relativamente pequena. Com a oferta enxuta, teremos que adquirir feijão de fora e os preços devem ser aquecidos', projeta Jacobsen.
Conforme o economista da Fecoagro, Tarcisio Minetto, o produtor que deixar de colher não vai conseguir pagar os custos. Se colher, será parte da lavoura. 'Se isso se confirmar, são mais de R$ 300 milhões que deixam de entrar no caixa do produtores', afirma.
(CP, 16/01/2009)