Um ONG no Quênia mantém um orfanato para elefantes que perderam os pais por causa da caça ilegal provocada pelo comércio de marfim. O projeto, da ONG David Sheldrick Wildlife Trust, é coordenado por Daphne Sheldrick, que passou 28 anos buscando as melhores formas de amamentar e cuidar dos animais.
Os animais órfãos são levados para o chamado "berçário" do grupo, localizado na capital, Nairóbi. Nesse estágio, os animais com menos de um ano de vida são amamentados com uma fórmula especial criada por Sheldrick. Até os cinco meses, os elefantes são acompanhados 24 horas por dia por integrantes do projeto, que dormem ao lado dos animais em estábulos construídos especialmente para abrigar os elefantes.
Depois desse período, os animais continuam recebendo atenção humana, mas em intervalos cada vez maiores, até completarem um ano de vida. Nessa idade, se estiverem em boas condições de saúde, os elefantes são transferidos para o Parque Nacional de Tsavo East, onde são, aos poucos, reintegrados à vida selvagem.
"O objetivo do projeto é cuidar dos elefantes de tal maneira que eles cresçam psicologicamente saudáveis para que, na hora certa, possam retornar para o lugar que pertencem, junto com outros elefantes no Parque Nacional", disse Sheldrick. "Lá, eles podem usufruir a qualidade de vida selvagem, que é direito dos animais", explicou.
Recuperação - Atualmente, o "orfanato" em Nairóbi cuida de 13 elefantes bebês, com menos de dois anos de idade. Além desses, outros 30 animais estão sendo tratados no Parque Nacional de Tsavo, em preparação para a reintegração à vida selvagem. Segundo Sheldrick, o número de órfãos recebidos pelo projeto aumentou em 2008.
"Houve uma intensificação na caça clandestina por causa do aumento na demanda chinesa pelos chifres de marfim, o que incentivou a comunidade local a voltar a caçar elefantes, já que o preço pago pelo marfim também aumentou", disse Sheldrick. O projeto foi iniciado há trinta anos e já resgatou 150 elefantes. Cerca de 90 foram reabilitados e 45 já foram reintegrados à vida selvagem com sucesso. Apesar disso, 60 animais morreram porque chegaram muito fracos ou debilitados aos centros de recuperação do projeto. O projeto é financiado por doações do público, que pode "adotar" os animais.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 16/01/2009)