Parte da compensação ambiental pelas obras do gasoduto Cacimbas-Vitória começou a chegar à Reserva Biológica (Rebio) de Comboios, norte do Estado. A fiscalização e a compra de benfeitorias para a unidade da reserva serão as prioridades para compensar os impactos que o empreendimento causou à região. A Compensação Ambiental é exigência legal.
Refere-se a projetos potencialmente poluidores. Ao todo, serão R$ 550 mil para a compra de veículos para reforçar a fiscalização da unidade, além de R$ 380 mil para a estruturação da Unidade de Conservação (UC), que possui 830 hectares, situados no litoral norte do Estado.
O projeto do gasoduto gerou impactos na região, que possui 15 quilômetros de praias semidesertas e abriga a base do Projeto Tamar, em Regência. A área é ainda reconhecida internacionalmente por ser o único ponto de concentração de desovas da tartaruga-de-couro (Dermochelys coricea) e o segundo da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), no Brasil.
Além da Rebio de Comboios, também foram contemplados pelas compensações do empreendimento a Reserva Ecológica dos Manguezais de Piraquê-açu e Piraquê-mirim, no norte do Estado, e a aldeia indígena de Comboios, que também sofreu o impacto do empreendimento, como a supressão de vegetação, interferência na fauna, entre outros prejuízos.
Além destas regiões, o empreendimento também afetou a Área de Proteção Ambiental do Mestre Álvaro. Durante todo o processo de apresentação e licenciamento do gasoduto, houve muita discussão porque a Petrobras não apresentou a definição do seu traçado, e mesmo assim conseguiu a licença do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
O gasoduto Cacimbas-Vitória é um empreendimento da Petrobras e tem 130Km de extensão, cortando os municípios de Vitória, Linhares, Fundão e Aracruz. A capacidade de transporte é de até 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural, a partir dos sistemas de compressão intermediários instalados.
O trecho faz parte do projeto Gasene, uma rede de transporte de gás que ligará o Brasil, do Sul ao Nordeste.
Rebio ComboiosA Rebio Comboios é administrado pelo Institudo Chico Mendes (ICMBIO) e o Tamar. A Unidade de Conservação (UC) recebe cerca de 25 mil visitantes por ano, incluindo turistas e alunos da rede pública e privada.
A Rebio também guarda remanescentes de restinga do Brasil e preserva várias espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção, como a preguiça-de-coleira, o tamanduá e o macaco-prego.
(
Século Diário, 14/01/2009)