A concentração de substâncias cancerígenas nas partículas respiráveis provenientes das emissões dos automóveis e do fumo do tabaco pode pôr em risco a saúde pública, indica um estudo da FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Depois de quatro anos de medições em pontos estratégicos da área metropolitana do Porto, a FEUP concluiu que as emissões do tráfego automóvel e o fumo do tabaco aumentam até 3500% as substâncias cancerígenas nas partículas inaláveis, sobretudo as de menor dimensão, com mais riscos para a saúde.
O trabalho, coordenado por Conceição Alvim Ferraz, especialista em qualidade do ar, do departamento de química da FEUP, conclui, assim, que "a redução das emissões com origem no tráfego automóvel deve ser obrigatoriamente considerada para defesa da saúde pública".
A justificar esta prioridade, a investigadora alega que o efeito das emissões de tráfego automóvel no aumento percentual da concentração de compostos cancerígenos nas partículas respiráveis é ainda maior do que o associado ao fumo do tabaco e afecta mais pessoas, uma vez que todos se deslocam em vias onde circulam viaturas.
Na verdade, mesmo em residências de não fumadores, as medições revelaram compostos cancerígenos nas partículas respiráveis, com origem nas emissões de tráfego automóvel, referem as conclusões deste trabalho, financiado pelo Fundação Calouste Gulbenkian.
Realizado em colaboração com o Instituto Superior de Engenharia (ISEP), o projecto científico defende que devem ser fixados rapidamente limites para as concentrações de compostos tóxicos em partículas inaláveis de pequenas dimensões no ar, no interior e no exterior dos edifícios.
(Por Margarida Cardoso, Expresso.PT, 13/01/2009)