A governadora do Pará Ana Julia conversou com o site amazonia.org e revelou como pretende resolver problemas históricos da região, como o desmatamento e a regularização fundiária. Veja a entrevista.
Dentre as ações realizadas por sua gestão até aqui, quais você considera mais importantes para o Estado?
Ana Julia - O esforço junto com o governo federal para garantir que o Fórum Social Mundial aconteça aqui em Belém do Pará em condições tranqüilas, com infraestrutura e segurança. Só do governo federal vieram recursos da ordem de 46 milhões de reais. Ao todo foram quase 120 milhões para garantir a realização do evento. O FSM é uma iniciativa das organizações da sociedade civil, mas nós concordamos com seus princípios, que pedem um mundo mais justo, sem preconceito, no qual as pessoas tenham direito a uma vida digna. Apresentamos também, como obras, a duplicação da avenida perimetral, o Residencial Liberdade, que receberá as pessoas remanejadas por conta da duplicação da avenida, que é estruturante aqui na cidade. A macrodrengaem das margens do igarapé do canal do Tucunduba. Tudo isso soma 468 milhões de reais em obras que garantirão drenagem, saneamento, regularização fundiária, pavimentação, abastecimento de água. Isso sem contar os investimentos na área de educação, construindo mais 17 escolas técnicas-tecnológicas até 2010.
Estamos fomentando um novo modelo de desenvolvimento, no aporte ao pequeno produtor rural, com garantia de infraestrutura, melhorando as estradas vicinais, que é onde moram os trabalhadores rurais, garantindo que eles tenham condições de escoar seus produtos. Lançamos um programa que muda a economia do Estado, o programa de incentivo ao reflorestamento e recomposição de um bilhão de árvores em cinco anos. Queremos incluir os pequenos produtores, mas também dar oportunidade aos empresários de qualquer tamanho para que possam ganhar dinheiro com a recuperação florestal. Estamos combatendo o desmatamento com atividades de caráter econômico que inclua o pequeno produtor. Já há linha de crédito específico para isso inclusive.
Essa é a principal ação do seu governo para combater o desmatamento?
Ana Julia - Ao invés de desmatar, queremos reflorestar. Queremos dar condições para que haja matéria prima florestal, madeireira, para os diversos usos que ela tem hoje, sem precisar desmatar. E queremos fazer isso recompondo áreas já degradadas. Outro ponto fundamental que o governo do Estado tem trabalhado fortemente é para fazer a verticalização mineral. Conseguimos investimentos do governo federal para garantir aquilo que o presidente da companhia Vale do Rio Doce anunciou, uma nova siderúrgica em Marabá para transforma ferro em aço. Isso atrairá novas fábricas. Essa verticalização do minério, já que somos a maior província mineral do mundo, é fundamental para o governo.
Essa questão dos minérios atrai muitos conflitos, como por exemplo, em Carajás. Como o governo resolverá isso?
Ana Julia - Atuamos sempre a favor da legalidade, de maneira muito firme, seja com relação a uma grande empresa, seja com relação aos movimentos sociais. Eu, como governadora do Estado, não poderia em hipótese alguma agir de forma diferente. Devo prezar pela ordem e pela legalidade.
O Pará carrega a imagem de ser uma "terra de ninguém", muito por conta da impunidade a crimes cometidos, como no caso da irmã Dorothy. Como reverter e resolver a questão fundiária?
Ana Julia - Estamos trabalhando naquilo que diz respeito ao governo executivo, não podemos responder pelo judiciário. O que posso responder pelo nosso poder é que todas essas ações que estamos realizando, como o controle em relação aos projetos de manejo, estão sendo criteriosos, aprovando o que é possível aprovar, aquilo que tem documentação da terra. Estamos trabalhando para a regularização fundiária. Agora no dia 19 de dezembro estivemos junto ao INCRA e o Ministro do Desenvolvimento Agrário em Marabá para efetivar a regularização fundiária do assentamento da Fazenda Cabaceiras, que há mais de 10 anos luta por isso. Isto mostra o trabalho do governo, voltado para quem mais precisa. Pela primeira vez na história do Pará o governo do Estado está realizando um assentamento rural. O governo trabalha pela regularização fundiária, através do Iterpa (Instituto de Terras do Pará) e com apoio do programa Pará rural com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Em 2007, o Pará passou de campeão de morte no campo para campeão de diminuição de mortes no campo. Acabou a terra de ninguém. É um Estado ainda cheio de conflitos, mas tem um governo que trabalha.
Quais as expectativas para 2009?
Ana Julia - Muito positivas. O Estado vai continuar crescendo mesmo com a crise. Estamos atentos, mas confiantes de que nosso crescimento será maior que a média nacional. A meta é que nosso PIB cresça 25% em quatro anos.
(Amazonia.org.br, 13/01/2009)