Os prefeitos de Salvador das Missões e São Pedro do Butiá, na região das Missões, assinaram ontem, pela segunda vez, o ato decretando situação de emergência em menos de uma semana. Eles haviam assinado igual documento por causa dos prejuízos causados pela estiagem que castiga as lavouras. Nessa segunda-feira, a decisão foi tomada devido aos danos causados pelo vendaval e pela chuva de granizo registrados no final da tarde do último sábado.
Os maiores prejuízos registrados depois do temporal foram no município de São Pedro do Butiá, onde mais de uma centena de residências foi atingida. Dez casas ficaram totalmente destruídas. Darcísio Reisdorfer, prefeito do municípo, disse ontem que a situação é grave, pois mais de 60 galpões foram derrubados pelo vento e várias pocilgas foram atingidas, com a morte de um número significativo de porcos. Em São Paulo das Missões, 25 residências ficaram destelhadas pelo temporal. A falta de energia elétrica se estendeu por mais de 15 horas e foi necessária a colocação de novos postes que haviam sido derrubados pelo vento. O município de Roque Gonzales registrou danos na área rural.
Quebra de 80% no milho
A estiagem no Estado é nitidamente mais intensa no Noroeste, onde as precipitações registradas no final de semana foram escassas, com menos de 15 milímetros. A quebra da safra do milho, por exemplo, é considerada maior nas Missões, onde a perda deve alcançar a marca de 80%, de acordo com técnicos do Banco do Brasil. Desde o início do mês, a média de chuva registrada na região foi de apenas 44 milímetros.
Em Entre-Ijuís, a falta de umidade nos pés de milho levou o agricultor Erno Radons a usar 18 dos seus 32 hectares de lavoura para a silagem. 'O ciclo do meu milho foi tardio e tive perda total', relata. 'Já não tenho mais expectativa nenhuma quanto a lucro. Espero que, pelo menos, o seguro agrícola garanta a cobertura das despesas', lamenta.
Além das perdas no campo, Santo Ângelo se ressente dos efeitos no comércio. 'Baixaram muito as vendas. O município tem essa aparência de metrópole regional e notamos a ausência de clientes de cidades vizinhas', diz o comerciante Maiquel Ungor, que aponta queda de 13% no faturamento. Até ontem, 66 municípios haviam decretado situação de emergência devido à seca.
(Por Estevão Pires, RD Guaíba, CP, 13/01/2009)