Grande parte do território argentino está sendo assolado pela pior seca registrada desde 1961. O anúncio foi realizado pelo Departamento de Climatologia do Serviço Meteorológico Nacional (SMN), que indicou que as chuvas em 2008 foram de 40% a 60% inferiores aos valores costumeiros. Nestas primeiras semanas de 2009, as perspectivas de precipitações continuam sendo uma raridade.
O SMN coloca como exemplo da magnitude da seca o caso do município de San Pedro, na província de Buenos Aires, um dos principais centros agrícolas do país, que teve uma média de 715 milímetros entre 1962 e 2007. No entanto, no ano passado, o SMN ali registrou apenas 465,9 milímetros de chuva.
O norte da província de Santa Fe é um dos lugares onde os efeitos da seca são mais dramáticos, já que ali choveu 70% a menos que o normal. Na vizinha província de Entre Ríos, a seca provocou uma drástica redução da área semeada de milho, 20% inferior a 2007. As plantações de girassol recuaram 30%.
A soja também foi afetada. Em média, em todo o país, o plantio dessa oleaginosa está atrasado em 8% em relação ao ano anterior. As estimativas indicam que em vez dos 18 milhões de hectares plantados com soja, a Argentina poderia ter em 2009 um total de 16 milhões.
Por tabela, o Brasil também seria afetado pela seca que assola a Argentina. Neste caso, os problemas para o mercado brasileiro seriam decorrentes da queda da colheita de trigo (a Argentina é o principal fornecedor de trigo para o Brasil). Em vez dos 16 milhões de toneladas dos anos anteriores, a Argentina em 2009 apenas conseguiria colher 8,8 milhões de toneladas.
Desta forma, 2009 marcaria o pior desempenho da produção de trigo argentino desde o período 1988-89, época em que o país foi atingido por uma forte seca. O problema para o Brasil é que a demanda interna argentina de trigo é de 7 milhões de toneladas. Desta forma, ficaria um excedente de apenas 1,8 milhão de toneladas de trigo argentino para exportar.
(Por Ariel Palacios, Estadão Online, AmbienteBrasil, 12/01/2009)