O Comitê de Acompanhamento de Obras de Infraestrutura Viária da Região Metropolitana de Porto Alegre aposta no começo da construção da BR-448, mais conhecida como Rodovia do Parque, em agosto deste ano. A obra, orçada em R$ 700 milhões, é considerada essencial para desafogar o trânsito que hoje recai sobre a BR-116, por onde passam 80% do PIB gaúcho e 110 mil veículos por dia. O fluxo cresce 3,5 % ao ano, vindo de todos os cantos do Estado. Na próxima quarta-feira, ocorre no Centro Universitário Unilasalle, em Canoas, às 19h, a primeira das duas audiências públicas previstas para aprovação do projeto da nova rodovia. O encontro é aberto à comunidade.
O coordenador do comitê, o deputado estadual Ronaldo Zülke (PT), disse na quinta-feira passada que a construção da BR-448 levará três anos e que já estão assegurados R$ 250 milhões para a execução, recurso incluído no orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de 2008 e que será transferido para 2009. Zulke espera que até fevereiro as duas audiências públicas estejam concluídas, com ajustes realizados a partir de sugestões dos participantes. "A partir de março, o governo federal poderá lançar a licitação", projetou o parlamentar. "O prazo de três anos é bem otimista e dependerá do andamento das etapas", condicionou o deputado, que indicou o investimento rodoviário federal como o mais importante em três a quatro anos. Prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), que integram o comitê, consideram o projeto vital. Zülke ressaltou que o traçado, com extensão de 22,86 quilômetros e que se estenderá do entroncamento da BR-116 com a RS-118 (Sapucaia do Sul) até a BR-290 (Porto Alegre), melhorará o tráfego na RMPA pelo menos até 2032. Em 2011, quando a rodovia poderá estar pronta, a previsão é de que 45 mil veículos que deveriam circular pela 116 optem pelo percurso da Rodovia do Parque. A coordenação do consórcio Ecoplan Magna, responsável pela elaboração do projeto executivo, não espera dificuldades na tramitação com a comunidade.
O coordenador do consórcio Ecoplan Magna e responsável pelo projeto executivo, Francisco Varella, explicou que a divisão da licitação em três lotes foi definida para agilizar a construção, que deve ocorrer simultaneamente nos trechos. Segundo o coordenador do consórcio gaúcho, contratado por R$ 4,9 milhões, foram buscadas soluções que respeitam restrições ambientais e permitirão exploração de áreas com ocupação limitada devido a alagamentos frequentes. Uma curiosidade: o aterramento deve utilizar 5 milhões de metros cúbicos de terra.
Estrada vai interligar diversos pontos da zona Norte da Capital
Um dos trechos, entre a BR-386 e a BR-290, passará ao lado dos limites do Parque Delta do Jacuí, de preservação permanente. "Os aterros previstos no traçado entre a BR-116/RS-118 e a BR-386 ampliarão áreas de desenvolvimento nos municípios de Canoas e Esteio", exemplificou o engenheiro projetista da rodovia Luciano Bartzen, da Ecoplan Magna. Ao desembocar na Castello Branco, acesso à Capital, a BR-448 alcançará o Bairro Humaitá e fará conexão com a Terceira Perimetral. A realização de audiência pública cumpre exigência da legislação. As duas plenárias são necessárias devido ao volume de recursos envolvidos. Na plenária, a comunidade poderá sugerir alterações no projeto executivo.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima), que foi produzido pela consultoria gaúcha STE, também será apresentado no encontro. Na quinta-feira passada, a análise foi detalhada para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que coordenará as plenárias em Canoas. A rodovia terá elevada no trecho entre as BRs 386 e 290, além de uma ponte sobre o rio Gravataí. No trajeto da BR-116/RS-118 e a 386, de 10,4 quilômetros, as pistas serão duplicadas. No restante, serão três faixas de cada lado, com acostamento.
Serão necessárias desapropriações de áreas em boa parte do traçado. Aterros serão erguidos principalmente no trecho entre a BR-116/RS-118 e a BR-386. Segundo Varella, o levantamento das propriedades que terão de ser adquiridas e definição de preços ainda está sendo feito. O custo está incluído no orçamento de R$ 700 milhões. Os processos serão conduzidos pelo Departamento Nacional e Infraestrutura de Transportes (Dnit). O coordenador do consórcio informou que donos de terras já buscam informações sobre a inclusão. "É normal que a obra desperte atenção", justificou.
O deputado estadual Ronaldo Zülke (PT) recordou que a nova rodovia foi incluída em 2005 no Plano Nacional de Viação, depois do fracasso na tentativa de instalação de quatro pedágios na região, dentro do chamado Polão. Além da BR-448, o deputado lembrou que outras melhorias e facilidades na BR-116 ajudarão a amenizar o gargalo da rodovia. Entre as ações que serão contratadas a partir deste ano, estão viadutos em Rincão, São Leopoldo e Sapucaia do Sul, duplicação da ponte sobre o Gravataí e implantação de sistema de monitoramento do tráfego, com serviço de atendimento ao usuário. Essas iniciativas devem somar R$ 200 milhões. O parlamentar acrescentou que investimentos em rodovias estão confirmados para o ano e atingirão as principais faixas.
O fim do gargalo
BR-448 (Rodovia do Parque) pretende desafogar o trânsito na Região Metropolitana
Traçado: entroncamento da BR-116 e RS-118 (Sapucaia do Sul) até BR-290 (Porto Alegre).
Extensão: 22,8 quilômetros (10,4 quilômetros entre a BR-116/RS-118 e BR-386, com duas pistas em cada sentido, e 12,4 quilômetros entre as BRs 386 e 290 - que inclui quase cinco quilômetros de elevada, ponte sobre o Rio Gravataí e alças).
Valor da obra: R$ 700 milhões, com execução em três lotes e inclui indenização de áreas a serem desapropriadas.
Fonte de recursos: estão assegurados R$ 250 milhões no orçamento do PAC de 2008.
Aprovação de projeto: depende de duas audiências públicas. A primeira será realizada dia 14 deste mês, às 19h, no Centro Universitário Unilasalle, em Canoas.
Efeito para o trânsito: 70 mil dos 130 mil veículos do tráfego projetado para a BR-116 em 2011 podem ser deslocados para a BR-448. 80% do PIB gaúcho passam pelas rodovias da RMPA. O número de veículos cresce 3,5% por ano.
(Por Patrícia Comunello, JC, 12/1/2009)