Duzentas partes de corpos humanos destinadas a exames foram descobertas nesta semana na Unidade Mista de Saúde de Humaitá, município situado no sul do Amazonas. A denúncia foi feita por funcionários do hospital. O material estava escondido em salas trancadas, mas deveria ter sido encaminhado a laboratórios em Manaus, para detectar possíveis doenças.
O vice-prefeito de Humaitá, o médico Renato Pereira Gonçalves, informou que, a cada mês, entre dez e 15 exames são solicitados no município, que tem população em torno de 40 mil pessoas. Ele disse, porém, que, durante a administração anterior, encerrada em dezembro, os exames não eram feitos.
Segundo Gonçalves, os responsáveis pela saúde no município não enviavam o material para exame. “As peças ficavam armazenadas, eles escondiam isso de todo mundo no hospital, e os pacientes ficavam tentando saber o resultado do exame, e eram informados de que não havia chegado. Muita gente morreu sem saber qual era a doença que tinha, e sem tratamento. O que se praticou em Humaitá foi um verdadeiro genocídio”, afirmou o médico.
De acordo com a secretária de Saúde de Humaitá, Lenilza Sá Cremonez, uma equipe especializada está catalogando as peças encontradas no hospital. O objetivo é enviar ao laboratório os fragmentos que ainda podem ser analisados, descartar o material sem condições ou de pessoas que já faleceram, e verificar quem precisa se submeter a novos exames.
O caso foi levado ao Ministério Público e à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas. Agora, as autoridades do município aguardam a abertura de um inquérito policial para apurar a questão.
A reportagem tentou entrar em contato com o ex-prefeito Roberto Rui e com o ex-secretário de Saúde de Humaitá Joel Jairo Guerra de Souza, mas não obteve resposta.
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Radiobrás, 11/01/2009)