Três hotéis brasileiros foram incluídos numa lista de cem hotéis sustentáveis lançada no guia Green Travel, publicado pela Fodor´s em setembro passado. Dois deles ficam na Amazônia e o outro se localiza no PantanalOs hotéis da Amazônia ficam em áreas de reserva, sendo o primeiro deles, a Pousada Uacari, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé (AM). Ali, moradores causam impacto ambiental mínimo aos recursos naturais da região, participando da gestão da área protegida. Segundo a subcoordenadora do Programa de Turismo de Base Comunitária da Reserva Mamirauá, Samantha Aquino, os funcionários da pousada são de sete comunidades ribeirinhas e todos têm oportunidade de trabalhar em serviços como copeiro, barqueiro e guia, devido a um rodízio de funções feito em comum acordo.
O local da Pousada Uacari é a maior área de várzea protegida do mundo. O hotel tem dez chalés flutuantes, sendo que o nível da água na região, na confluência entre os rios Solimões e Japurá, oscila de 10 a 12 metros devido às chuvas e ao degelo nos Andes.
Durante a cheia, que ocorre de maior a julho, as trilhas são percorridas de canoa e os turistas podem observar macacos, botos e jacarés, entre outros animais pesquisados pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, órgão não-governamental que virou unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Na pousada, energia solar aquece chuveiros e abastece o restaurante do flutuante central, onde também há piscina de água natural. Também na Uacari, o lixo é reciclado e o esgoto tratado.
Tais detalhes ecológicos também são observados em quatro bangalôs e 12 apartamentos do Cristalino Jungle Lodge, localizado em Alta Floresta, na Amazônia do norte matogrossense. As águas do chuveiro no Cristalino são purificadas por raízes de bananeira, e o lixo orgânico produzido é utilizado para abastecer uma horta. Os quartos não têm TV e a ventilação fica por conta da arquitetura e do ventilador que funciona somente no horário mais quente do dia e à noite, até 22h30m.
Tudo isso é feito para que os turistas tenham contato com a natureza, preservando os sete mil hectares de floresta primária de uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN). A floresta serve para quase 30 quilômetros de trilhas - que são fechadas temporariamente depois de muito usadas -, além de pesquisas científicas e projetos de educação ambiental.
Nem telefone celular pega na área do Cristalino para que o contato com a natureza seja total. Na área, há 570 espécies de aves para se observar, além de milhares de borboletas, passeios de canoa e acompanhamento das pesquisas sobre a fauna e a flora amazônica. Tudo pode ser observado de perto ou mesmo do alto de uma plataforma a 50 metros de altura.
Os moradores da região também estão integrados ao turismo e atuam como guias treinados para acompanhar passeios realizados em Cristalino. Também são fornecidos pelas comunidades muitos dos ingredientes da cozinha típica local, como peixes e mel.
"Quando compramos a reserva, em 1990, pouco se falava de ecoturismo. Hoje recebemos muita gente interessada em ecologia. Por meio da Fundação Ecológica Cristalino, trouxemos pesquisadores e contribuímos com a educação ambiental", explica a empresária Vitória da Riva, acrescentando que cada hóspede estrangeiro paga uma taxa de US$ 50 enquanto o brasileiro desembolsa R$ 50, ambas quantias revertidas para a Fundação.
Como chegarCRISTALINO JUNGLE LODGE: Há vôos diretos para Alta Floresta (MT), onde fica o hotel de selva, um paraíso para observadores de aves. As diárias são de R$ 308 a R$ 504 por pessoa, de janeiro a maio. O hóspede nacional paga taxa de R$ 50 e o estrangeiro, U$ 50, à Fundação Ecológica Cristalino. Mais informações em: www.cristalinolodge.
POUSADA UACARI : A pousada flutuante fica na maior área protegida de várzea do mundo, em Tefé (AM), que recebe vôos de Manaus. Os pacotes custam a partir de mil reais por pessoa (três noites), de janeiro a junho. Hóspedes abaixo de 12 anos não são aceitos.
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Amazonia.org.br, 11/01/2009)