Após dois meses de chuvas escassas, agricultores de Palmeira das Missões projetam quebra de pelo menos 30% na safra de soja e de 50% no milho. Nesta segunda-feira, produtores e autoridades locais se reúnem para avaliar decreto de emergência. Até ontem, 62 municípios estavam nessa situação.
A chuva fraca e irregular de ontem, em Palmeira das Missões, não foi suficiente para melhorar a situação. Ao analisar plantas de soja secas e de porte duas vezes abaixo do normal, em lavoura na localidade de Esquina Mafalda, o agricultor e dirigente da Farsul Hamilton Jardim concluiu que, de cada R$ 1,9 mil por hectare investidos, o retorno será de R$ 900,00. 'Não vamos aguentar nova estiagem após três secas consecutivas que levaram à falência de cooperativas e à falta total de crédito para obtenção de financiamento.'
A aflição se transfere para os trabalhadores do campo. 'Corro o risco de perder meu emprego, o que já ocorreu em uma propriedade aqui ao lado', disse Orlando de Almeida, funcionário de lavoura. Em açude que abastece equipamentos de irrigação, o nível da água baixou três metros desde outubro. 'Palmeira corre o sério risco de falir com o endividamento agrícola, o que afastaria investimentos', apontou Jardim.
Enquanto a maioria dos agricultores do Norte e Noroeste convive com a estiagem, o produtor José Hary Sulzbach vibra ao visualizar seus 300 hectares de milho. Ele adquiriu um pivô central, ao custo de quase R$ 500 mil. 'Terei elevação de 220% na produtividade do milho graças ao meu equipamento.'
(Por Estevão Pires, CP, 12/01/2008)