O projeto “Restauração Florestal e Aproveitamento Econômico”, desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF) do Departamento de Ciências Biológicas (LCB) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, foi o ganhador, na categoria “Negócios em Conservação”, da 13ª edição do Prêmio Ford de Conservação Ambiental, concedido pela Conservação Internacional (CI-Brasil) e a Ford.
O projeto, desenvolvido pelo Programa de Adequação Ambiental de Propriedades Rurais do LERF, tem o objetivo de restaurar florestas nativas de Mata Atlântica com o propósito de recuperar e conservar a biodiversidade regional. A conquista do prêmio deveu-se à amplitude do trabalho, que acontece tanto em áreas de Reserva Legal como em áreas de baixa aptidão agrícola, e ao desenvolvimento de um serviço ambiental futuro de manejo florestal, restaurando a biodiversidade local e aferindo o retorno econômico. Além disso, o programa ainda atua na geração de empregos, renda e capacitação para os restauradores envolvidos no trabalho.
Coordenado pelo professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, o programa ocorre por meio de convênios estabelecidos entre o LERF, empresas e municípios e tem obtido resultados promissores na recuperação de áreas degradadas, na divulgação de tecnologias de recuperação com menor custo de implantação e na elaboração de planejamentos necessários à consecução da certificação da ISO 14000 entre outros resultados.
De acordo com o professor Rodrigues, “a presença da Conservação Internacional atribui valor significativo a esta premiação. Além disso, encontramos lá projetos já vencedores em outras iniciativas, o que faz do evento um dos mais reconhecidos na área ambiental. Importante ressaltar que é a primeira vez que submetemos este projeto à apreciação de pares, o que valoriza ainda mais o trabalho dos cerca de quarenta pesquisadores envolvidos”, conta.
Restaurando florestas
A metodologia do projeto “Restauração Florestal e Aproveitamento Econômico”, prevê o mapeamento das áreas de preservação permanentes (principalmente dos cursos d’água, nascentes, represas e lagos), dos remanescentes naturais e das áreas produtivas. A partir daí, os pesquisadores envolvidos realizam um amplo diagnóstico ambiental que possibilita a delimitação e quantificação das irregularidades ambientais frente a legislação vigente, com o objetivo de elaborar propostas diferenciadas de adequação ambiental, com conseqüente restauração das áreas indevidamente degradadas no passado.
Então é colocado em prática o processo de recuperação de áreas degradadas, principalmente áreas de preservação permanente instituída no Código Florestal Brasileiro. As próximas ações são um levantamento florístico dos remanescentes florestais existentes nas propriedades e conseqüente implantação de viveiro florestal de espécies nativas, com produção destinada às atividades de recuperação de áreas degradadas e fomento. Em paralelo, há a marcação de matrizes de espécies nativas regionais nos fragmentos remanescentes da propriedade e região, elaboração de trilhas de espécies para serem utilizadas em atividades de educação ambiental.
Difusão de conhecimentos
A coordenação do projeto lembra que é importante ressaltar que os resultados gerados no Programa não se resumem em número de mudas e quantidade de áreas recuperadas, mas também na difusão de conhecimentos técnicos para as empresas e municípios envolvidos sobre a importância dos recursos naturais, com ênfase em um modo de produção em harmonia com a preservação ambiental.
O Prêmio Ford de Conservação Ambiental, realizado desde 1996, é considerado hoje um dos reconhecimentos mais importantes na área ambiental do Brasil. O anúncio dos ganhadores foi feito em Guarajuba (Bahia), no último dia 25 de novembro. Ao todo, foram recebidas 138 inscrições nas categorias “Conquista Individual”, “Negócios em Conservação”, “Ciência e Formação de Recursos Humanos”, “Meio Ambiente nas Escolas” e “Fornecedor”.
Ao longo de treze anos, a iniciativa já premiou 60 personalidades e entidades dedicadas às causas ambientais, somando cerca de 1,7 mil projetos inscritos, vindos de todas as regiões do Brasil. Cada um dos ganhadores recebeu um troféu e um prêmio no valor de R$20 mil.
(Agência USP, 09/01/2009)