Ao contrário da tese defendida pelo ex-prefeito Cesar Maia, que insistia ter havido apenas crescimento vertical de favelas, dados do Instituto municipal Pereira Passos (IPP) mostram que o avanço ocorreu também na área ocupada pelas comunidades. Entre 1999 e 2008, a expansão foi de 7%, ou seja, aumento de três milhões de metros quadrados - ou o equivalente ao bairro de Ipanema inteiro. Mas não houve somente crescimento das comunidades conhecidas. O IPP concluiu que o Rio ganhou mais 218 novas favelas. Elas são agora 968, contra 750 registradas em 2004, ano do último levantamento do instituto.
Pelo estudo, a área das favelas representava 3,5% de todo território do município, em 99, mas avançou e passou a ocupar 3,7% (45,8 milhões de metros quadrados). O levantamento do IPP foi concluído no fim do ano passado, mas só agora foi divulgado. Realizado com a ajuda de fotografias áreas, a pesquisa revela que as favelas localizadas na Área de Planejamento 5 (Zona Oeste) foram as que mais contribuíram para o crescimento da área total das comunidades. Em 99, as 269 favelas da região representavam 12,6 milhões de metros quadrados. Cinco anos depois, elas já estavam presentes em 13,8 milhões e, no ano passado, a área chegou a 14 milhões de metros quadrados. No total, as favelas da Zona Oeste aumentaram, no período, 11,5%.
Na Barra, no Recreio e em Jacarepaguá, que estão localizados na Área de Planejamento 4, também houve expansão. A comunidade do Canal do Cortado, no Recreio, cresceu 54% em nove anos, e ocupa hoje uma área de 106 mil metros quadrados. Na Zona Sul, a Rocinha foi a comunidade que mais se expandiu: 12 mil metros quadrados - pouco mais de um campo de futebol. A área da Favela Horto, no Jardim Botânico, também avançou. Passou de 50 mil metros quadrados para 59 mil metros. Apesar do aumento, as 66 comunidades da Zona Sul cresceram menos, se comparadas com as de outras regiões.
(O Globo, 11/01/2009)