Cães de rua ganharam uma protetora em Uruguaiana. Mesmo em férias, Gislaine Pereira, 42 anos, monitora da unidade local da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), assiste com ração e medicamentos 25 animais. Eles foram chegando aos poucos às margens da BR 472, nas proximidades do local onde Gislaine trabalha na assistência a jovens em recuperação. Segundo ela, o primeiro dos cães, batizado como Pobrezinho, abriu o caminho para outras duas dezenas. A cada mês são 100 quilos de ração que custam R$ 350,00, pagos com recursos próprios.
Eventualmente o valor é reforçado com donativos em dinheiro e arrecadações em promoções, como rifas passadas pela colega Thaís Deon. Os medicamentos, procedimentos de esterilização tanto nos machos como nas fêmeas e necessidades de manutenção do canil resultam em mais despesas. Conforme Gislaine, no início, alguns colegas ofereceram resistência, mas agora até o diretor da unidade, Paulo Homero D’Ornellas, apoia o canil montado na área externa da Fase. Os nomes são dados de acordo com as características dos animais. Assim, hóspedes como Pretinha e Branquinha ganharam identidade.
Os interessados podem visitar o espaço, escolher um dos cães e, posteriormente, adotá-lo definitivamente. Em dezembro do ano passado, um surto de parvovirose fez com que os gastos com antibióticos tenham sido elevados, mesmo assim dois cães morreram – motivo de sobra para Gislaine sentir que nem sempre salvar é tão fácil quanto gostaria que fosse. Ela lamenta que 'alguns fuzilem animais enquanto outros lutam para que a maioria sobreviva e encontre uma família.'
(Por Fred Marcovici, Correio do Povo, 11/01/2009)