O impacto econômico da seca no Rio Grande do Sul começa a ser dimensionado no campo. Pelo menos R$ 343,2 milhões deixarão de circular na economia, caso se confirme a quebra de 20% sobre a estimativa de 5,2 milhões de toneladas de milho, projetada pela Emater/RS e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O cálculo considera uma redução estimada em 1,041 milhão de toneladas ao preço atual de R$ 19,78 a saca de 60 quilos.
Segundo o consultor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Tarcísio Minetto, será um baque duplo na renda do setor produtivo. 'Além de não colher, o produtor terá de pagar despesas com o custeio da safra', explica o economista.
A projeção será inflacionada pelo impacto da seca sobre a produção estadual de leite. Na semana que se inicia, as indústrias de lácteos terão condições de estimar a retração no fornecimento nos últimos 30 dias, informa o gerente executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini. Por enquanto, não há estimativas consolidadas sobre prejuízos no arroz e na soja.
De acordo com o tesoureiro da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), Amauri Miotto, a estiagem afeta principalmente a agricultura familiar. É o caso dos produtores de Alegrete, onde as pastagens como o milheto não se desenvolveram. O município aposta agora no milho safrinha, que pode ser plantado até 10 de fevereiro.
Conforme a Associação dos Pecuaristas e Agricultores Familiares de Alegrete, a produção de leite caiu mais de 50%. Carlos Alende, assessor técnico da associação, confirmou que já há bolsões de pequenos produtores que não dispõem de poços artesianos e falta água para consumo. Na região de Jacaraí, pelo menos 40 famílias estão em dificuldades, assim como outras famílias na localidade rural do Caverá. 'Parece que estamos no polígono da seca', observa Carlos Alende, ao lembrar que tem chovido nas regiões próximas, mas não no município da Fronteira-Oeste.
(Correio do Povo, 11/01/2009)