Investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores efectuaram esta semana o primeiro registo confirmado de uma baleia-franca boreal nos Açores nos últimos 121 anos.
Segundo uma fonte daquele departamento universitário, o cetáceo (Eubalaena glacialis) foi inicialmente observado a partir de terra por dois vigias ligados a empresas de whale-watching, que preveniram os biólogos do DOP para presença do animal a sul da ilha do Pico.
Uma equipa de seis investigadores do DOP deslocou-se imediatamente ao local para confirmar a identificação da espécie, e recolher imagens e dados sobre o comportamento da baleia.
A mesma fonte, adianta que se tratava de uma fêmea-adulta, com cerca de 14 a 16 metros de comprimento, que durante o tempo em que foi acompanhada pela embarcação do DOP, se manteve em deslocação para Oeste.
Os investigadores garantem que este "é o primeiro registo confirmado" da presença de um exemplar desta espécie nos mares dos Açores, desde 1888, ano em que a última baleia-franca foi capturada nas ilhas. No entanto, há registos de duas ou três observações de baleias-francas, mas não confirmadas, todas elas ocorridas na primeira metade do séc. XX.
Segundo revela o site oficial do DOP, a baleia-franca boreal "é a espécie de cetáceo mais ameaçada no Atlântico Norte", com um efectivo populacional que se estima inferior a 400 animais. Este tipo de baleia é visto frequentemente ao longo da costa da América do Norte, desde o Texas até à Nova Escócia, e a sul da Gronelândia.
No Atlântico Nordeste, a baleia-franca boreal foi observada na costa africana, nos Açores, na Madeira e nas Canárias, e ainda no Mediterrâneo, na Baía da Biscaia, no Mar do Norte, na Noruega, na Islândia e nas Ilhas Faroé.
Os investigadores do DOP dizem que a observação desta espécie de indivíduos em águas europeias e africanas "tornou-se um fenómeno extraordinário", atendendo ao reduzido número de animais existentes no Atlântico Nordeste.
A baleia-franca observada nos Açores no dia 5 de Janeiro foi identificada pelo investigador Philip Hamilton, curador do North Atlantic Right Whale Catalog (um catálogo de foto-identificação desta espécie), como sendo o indivíduo 3270.
Uma baleia de idade desconhecida, que já tinha sido observada em Junho de 2002 no Great South Channel, Estados Unidos, e em Setembro do ano passado na Baía de Fundy.
(Ecosfera, com Lusa, 08/01/2009)