A Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí) começará o estudo etno-ambiental nas terras indígenas do Estado na próxima semana. A ONG trabalhará junto com uma equipe interdisciplinar, inclusive com a participação de lideranças das comunidades Tupinikim e Guarani para identificar necessidades e elaborar projetos de sustentabilidade das famílias.
Para o estudo, as famílias dos indígenas foram divididas em grupos que serão abordados para que sejam identificados os anseios das comunidades para aproveitamento da terra reconquistada, assim como são as dificuldades enfrentadas até o momento pelas famílias.
Com isso, explica a geógrafa Marilda Telles Maraci – que faz parte da equipe dos estudos –, será possível elaborar projetos imediatos e também de recuperação para os 11.009 hectares reconhecidos como terra tradicionalmente indígena em 2007. Os projetos serão elaborados em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (Funai).
O estudo é uma exigência do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e custará R$ 380 mil à Aracruz Celulose, responsável pela degradação da terra. O objetivo principal é estabelecer critérios para o reflorestamento da região com espécies nativas e criar projetos para a produção de alimentos e o cultivo de peixes em tanques, na tentativa de amenizar os prejuízos que durante 40 anos essas comunidades amargaram no norte do Estado.
Entre os membros da comunidade a expectativa para o início dos estudos é grande. Eles contam que aguardam desde o início de 2008 o início dos trabalhos e que sem eles fica difícil começar, de fato, a ocupação da área reconquistada.
Além de avaliar as condições da terra e elaborar projetos, o estudo avaliará também os prejuízos culturais causados pela exploração na região, as formas de vida no passado, e como isso poderá ser resgatado para a realidade atual.
A expectativa é reverter a situação de degradação em que se encontra o território indígena. Com a ocupação da Aracruz Celulose, além da mata atlântica, que foi devastada, sofreram os animais da região, que debandaram, enquanto os rios foram contaminados e, conseqüentemente, a comunidade se viu sem recursos de subsistência.
A região vinha sendo explorada pela Aracruz Celulose desde o advento da ditadura militar.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 09/01/2009)