Cansado de recolher objetos e todo o tipo de lixo das margens do Guaíba, o auditor fiscal aposentado Astélio José Bloise dos Santos resolveu reunir parte deles para cobrar providências das autoridades. O resultado é impressionante. Em apenas um dia em que a água baixou, em dezembro, o morador do bairro Ipanema tirou de dentro d’água 33 objetos pontiagudos. Parcialmente enterrados na água, havia facas, pedaços de ferro, cacos de louça, espelhos e até uma espada. Achou também cápsulas de pistolas e de fuzil.
– O que não flutua não vem para a beira, fica enterrado. Quando as águas baixam é que dá para ver. É um perigo alguém se cortar – diz Astélio, atual presidente da Associação dos Moradores do Bairro Ipanema (Amabi).
Todo o material foi recolhido na margem da Avenida Guaíba, próximo à rampa para entrada e saída de embarcações. Para retirar os objetos, Astélio e dois funcionários entraram quase 80 metros no Guaíba, aproveitando que o nível estava baixo e a água limpa.
O morador diz que parte da sujeira vem dos rituais feitos por religiões afro-brasileiras. Ele defende a fixação de locais específicos para essas atividades.
– Não sou contra as religiões. Só que não podem fazer esses absurdos às margens do Guaíba. Encontramos uma infinidade de objetos e restos de animais, muitas vezes buchadas inteiras. É um atentado à saúde pública – reclama Astélio, que mora na Avenida Guaíba desde 1983.
A associação pretende guardar o material e depois encaminhar uma ação na promotoria criminal ambiental para cobrar providências contra a sujeira.
Em dezembro, um homem levou 12 pontos devido a um corte no pé após descer de seu jet ski. Além dos prejuízos à saúde pública, os moradores reclamam do mau cheiro que fica no local. Os representantes das religiões afro dizem que as únicas oferendas que devem ser depositadas nos rios são flores, frutas e doces. Há também uma orientação para que os seguidores despejem as bebidas ofertadas sem deixar as garrafas no local.
(ZH, 09/01/2009)