O mistério sobre a origem do incêndio que atingiu área da Aracruz Celulose na segunda-feira, em Butiá, aumentou. Ao afirmar ter visto um carro e homens no local duas horas antes do horário em que o fogo teria sido detectado, uma testemunha lançou mais dúvidas na investigação policial.
O técnico em telefonia celular Daniel Molina, 42 anos, seguia de Passo de los Libres (Argentina) a Porto Alegre quando afirma ter passado pelo trecho em chamas, por volta das 18h de segunda-feira. Ao observar dois focos de incêndio às margens da BR-290, o argentino que vive em Canoas há dois anos reduziu a velocidade.
Ele teria visto um Gol branco estacionado na entrada do Horto Florestal Butiá, propriedade de 1.594 hectares, e homens trabalhando em uma máquina que acomodava toras em pilhas. A aparente tranquilidade em meio às labaredas chamaram sua atenção.
– Não parecia que estavam muito preocupados com o fogo – contou.
O relato foi confirmado ontem à tarde ao delegado Cleandro André Jarczewski, que coordena a investigação do caso. Ele tomou o depoimento da testemunha em Montenegro, um dos municípios em que o técnico em telefonia celular atua.
– Para nós é uma novidade (o relato). Vamos ter de apurar tudo – afirmou o delegado.
Investigação analisa indícios de ação criminosa
Além do depoimento, a Polícia Civil solicitará à operadora Claro a confirmação de que o aparelho da testemunha passou pelo trecho do incêndio no horário relatado. Os policiais analisam indícios que mantêm acesa a possibilidade de ação criminosa contra a empresa. As chamas atingiram simultaneamente três pontos. Além disso, a área estava úmida pela chuva dos dias anteriores.
A Aracruz preferiu não se manifestar sobre o relato da testemunha. Em 30 dias, o Instituto-geral de Perícias (IGP) deve emitir laudo sobre as causas do fogo que consumiu 1,5 mil toneladas de madeira. O prejuízo da maior fabricante mundial de celulose branqueada de eucalipto foi estimado em R$ 150 mil.
(Por Maicon Bock, especial, ZH, 09/01/2009)