Moradias: manifestantes bloqueiam rua para obter a assinatura de duas declarações, visando à liberação imediata das ligações de água e luz
As reivindicações já têm seis anos e ainda assim a falta de infraestrutura básica impede a construção de moradias populares em uma área situada na vila Isabel. Ontem pela manhã, uma mobilização realizada por moradores e representantes do MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia) reuniu cerca de 150 pessoas que bloquearam a rua Princesa Isabel na divisa do Parque Bela Vista com a vila Isabel. Os manifestantes iniciaram o ato às 6h e conseguiram a assinatura de duas declarações para a liberação imediata das ligações de água e energia elétrica.
Na manhã de hoje, membros do movimento estarão reunidos com representantes das secretarias de Obras e de Habitação, quando esperam assinar um termo de compromisso que garanta o início imediato de algumas obras na área, além de ser apresentado o cronograma das atividades. Para o representante do MNLM, Júlio Gonçalves, a manifestação foi realizada devido ao descaso do governo municipal na realização das obras necessárias.
Verbas
O movimento já possui verbas para a construção de moradias populares, oriundas da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades. De acordo com Gonçalves, o que falta agora é a realização das obras de infraestrutura básica. "Temos inclusive o termo de acordo com o Ministério Público de liberação dessas áreas e a licença ambiental, mas a prefeitura não investe na hora de fazer a parte concreta. Não podemos construir casas e ficarmos atolados no meio do barro, sem infraestrutura nem nada", afirma.
Infraestrutura
Para o secretário de Habitação, Claudenir Daron, todas as medidas cabíveis já foram tomadas. "Independente da mobilização, nós já havíamos solicitado o projeto para a Corsan e para a RGE, para que fosse realizada a implantação do sistema de água e de energia elétrica. Esse documento foi entregue ontem ao movimento e essa era a tarefa que cabia à secretaria", ressalta Daron.
Segundo o secretário, o processo de regularização já foi feito pela prefeitura, que comprou a área, fez a oficialização fundiária e o contrato com as pessoas que morarão no local. Daron enfatiza ainda que a construção das residências não será feita pela Secretaria de Habitação. "O nosso papel é o de ajudar na implantação de infraestrutura e de acompanhamentos técnicos", afirma.
"Para nós, governo é governo e movimento é movimento. Temos autonomia. Independente de quem esteja no governo, temos que fazer a nossa luta. No ano que passou tudo que foi acordado foi cumprido pela metade ou não foi cumprido. Portanto, nós não nos balizamos por partidos políticos. A maioria do povo não tem filiação política e o movimento é autônomo, formado por classistas e socialistas"
Representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Júlio Gonçalves
Manifestantes reivindicavam recursos para moradia popular, liberação de redes de água e de energia de baixa tensão
(O Nacional, 08/01/2009)