A morte causada por febre amarela quebrou um período de 42 anos sem transmissão da doença no RS. O último óbito causado pelo vírus havia sido registrado em 1966. Desde então, o Estado tinha apenas zonas de risco e transição. Com a confirmação do óbito de uma dona de casa de Santo Ângelo e suspeita de outro caso, o RS passa a ter áreas de transmissão e entra num novo cenário da saúde mundial.
Em dezembro, a Secretaria Estadual da Saúde encaminhou 600 mil doses de vacinas para 35 municípios incluídos na zona de risco, no Noroeste e Missões (ver tabela). O alerta se deu em função da morte de mais de 300 bugios na mata ciliar do rio Uruguai, em cidades como Cruz Alta e Santo Ângelo. A mortandade é um indicativo da presença do vírus.
Em 2002, a morte de cerca de dez animais fez com que 52 cidades das fronteiras Noroeste e Oeste fossem consideradas zonas de transição da doença. 'Quem tomou vacina naquela época está protegido, pois a validade é de 10 anos', disse o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra.
No início de 2009, novos relatos de bugios e macacos estenderam o alerta para a região Central do Estado. Com isso, o número de localidades incluídas na área de risco da doença totaliza hoje 99 cidades gaúchas. Porém, o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, destaca que o número tende a aumentar. Nas últimas semanas, a Argentina vem enfrentando problemas semelhantes aos do RS, com mortes confirmadas por febre amarela.
Além das 600 mil doses encaminhadas a 35 cidades em dezembro passado, outras 500 mil devem ser enviadas hoje às demais localidades. Diante do quadro, a Secretaria Estadual da Saúde encomendou mais 500 mil doses. As vacinas serão encaminhadas de forma prioritária para a população rural das áreas de risco de infecção, zonas urbanas dos municípios e cidades vizinhas. As doses serão disponibilizadas também para os viajantes em outras localidades. Em Porto Alegre, a vacina será feita nos postos de saúde Modelo, IAPI e Tristeza. Não podem receber a vacina crianças com menos de 9 meses, pessoas com algum tipo de infecção ou em tratamento de câncer.
(CP, 08/01/2009)