A falta de chuvas nos últimos 60 dias na região Sudoeste do Paraná levou os municípios de Saudade do Iguaçu e Renascença a decretarem estado de emergência para que sejam liberados recursos para a normalização da produção agrícola. Segundo o assessor da Prefeitura de Saudade do Iguaçu (PR), Nei Bocalon, a busca por recursos estaduais e federais é uma alternativa pela gravidade da situação. Ponta Grossa, nos Campos Gerais, adotou a mesma estratégia e decretou estado de emergência na zona rural.
Com a quebra consolidada, o governo do estado tenta minimizar os prejuízos financeiros. Parte deles podem podem ser revertidos na segunda safra, avalia o secretário Valter Bianchini, que para auxiliar o produtor criou uma comissão especial formada por representantes da Faep, Fetaep, Ocepar, Banco do Brasil, Cresol, Sicredi, Iapar e Emater. O grupo irá se reunir semanalmente. O primeiro encontro aconteceu ontem.
De acordo com o secretário, a comissão terá três focos principais: acompanhar a comercialização da safra de verão, o planejamento da safrinha e o encaminhamento dos pedidos de perícia em função da seca. Estima-se que dos 80 mil contratos de custeio da safra de verão feitos entre bancos e produtores, cerca de 20% devem solicitar a perícia para ressarcimento do seguro agrícola. Projeções do Banco do Brasil e da Cresol apontam que poderão ser apresentadas entre 15 mil e 20 mil solicitações de perícia em função da seca.
Segundo Bianchini, é preciso manter o produtor informado das reações que começam a surgir no mercado do feijão, milho e da soja. O impacto mais imediato será sentido nos preços da leguminosa, que pararam de cair e começam a subir novamente. Ele acredita também que haverá uma reação mais vigorosa no preço do milho com a possível retomada das exportações. Para o secretário, a safrinha de milho, feijão e até mesmo soja, que começa a ser plantada agora, ganham uma importância maior no Paraná para recuperação de parte dos prejuízos com a estiagem. A Seab projeta uma perda de três milhões de toneladas de grãos, entre feijão das águas, soja e milho de verão, quebra que deve gerar prejuízos de ao menos R$ 1,5 bilhão ao estado.
Custeio safrinha
Os recursos federais para custeio da segunda safra de milho já estão disponíveis ao produtor. O Banco do Brasil autorizou ontem todas as agências paranaense a contratar operações para a cultura. No ano passado, o BB financiou em todo o estado R$ 318 milhões para o milho safrinha. A previsão para este ano é atender, no mínimo, os mesmos valores de 2008.
TrigoO Ministério da Agricultura (Mapa) anunciou ontem a liberação de mais R$ 300 milhões apoiar a comercialização de um milhão de toneladas de trigo. Essa é a segunda medida de apoio à triticultura anunciada neste semana. Na segunda, o Banco do Brasil prorrogou o prazo de pagamento do financiamento de custeio da safra 2008. Ontem, a prorrogação, que inicialmente compreendia a segunda, terceira e quarta parcela, foi extendida para a primeira. O custeio da safra de trigo é financiado em cinco parcelas, que começam a vencer entre dezembro e janeiro. Com a decisão, as parcelas poderão ser quitadas junto com a quinta e última parcela que vence em maio de 2009 (pagamento único).
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Gazeta do Povo, 08/01/2009)