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classificação de espécies
2009-01-07

Os quelônios que moram no Parcão estão participando de um censo desde de setembro do ano passado. Os responsáveis pela contagem são os integrantes do Projeto Chelonia-RS, do Departamento de Zoologia da UFRGS, e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam).

Uma curiosidade é que no Parque Moinhos de Vento há apenas cágados, não tartarugas. Isso porque os primeiros são de água doce, enquanto as segundas são animais marinhos. Conheça as espécies que habitam o lago do seu parque e outras curiosidades sobre esses bichos.

As espécies nativas
Tartaruga-tigre-d'água (Trachemys dorbigni)

No levantamento de 2003 e 2004, era a espécie mais recorrente no Parcão (mais de 160 animais marcados). Entre agosto e dezembro de 2008, foram marcados mais de 20 novos animais, com mais de 40 recapturas. Natural dos banhados do sul do Estado, do Uruguai e do nordeste da Argentina, apresenta uma mancha amarela característica atrás do olho. São onívoros, pesam até dois quilos e atingem 25 centímetros de comprimento. 

Cágado-de-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectifera)
Esse nome se deve ao pescoço, que ultrapassa o comprimento do casco. Pode medir até 30 centímetros e tem cor acinzentada. Sua marca característica é uma fina listra amarela no pescoço. Tem hábitos noturnos, dificilmente ficará exposto ao sol, pois prefere nadar (ou caminhar) no fundo do lago. A reprodução se inicia quando as fêmeas atingem cerca de 20 centímetros. O peso pode chegar aos três quilos. Os machos não ultrapassam os 28 centímetros e pesam, em média, um quilo. As desovas ocorrem durante a primavera e o verão e são compostas por cinco a 15 ovos por postura.

Cágado-preto (Acanthochelys spixii)
De tamanho menor, em torno de 12 centímetros de comprimento do casco, esse cágado apresenta espículas, semelhantes a espinhos, no pescoço. Também tem hábitos noturnos, preferindo sair do lago à noite. As desovas variam de um a cinco ovos esféricos e com casca dura. Os filhotes nascem com manchas de coloração vermelha nas bordas do casco e na barriga (plastrão). Conforme crescem, essa coloração vai mudando gradativamente para o preto. O cágado-preto consta na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas.

Cágado-de-barbaelas (Phrynops hilarii)
O nome se deve a uma barbicha que tem na garganta, cuja função é tátil. Cinza, apresenta uma listra preta no focinho que segue até o ouvido. É a maior das espécies do parque, atingindo até 45 centímetros de comprimento do casco. As desovas podem variar de oito a 32 ovos.

As espécies exóticas
Tartaruga de Orelha Vermelha (Trachemys scripta elegans)
É a tartaruga de estimação mais popular no mundo. Originária do vale do Rio Mississipi, nos Estados Unidos, de onde são exportados milhões de animais por ano. No Brasil, eram vendidas legalmente em lojas durante a década de 90. Hoje, a importação está suspensa pelo Ibama. Essa espécie tem uma mancha vermelha atrás dos olhos, e o ventre apresenta ocelos pretos. O macho tem unhas extremamente longas e cauda maior em relação ao tamanho da cauda das fêmeas. É uma das espécies mais comuns no Parcão.

No levantamento de 2003 e 2004, foram marcados 153 animais. No atual, o número cresceu para 185.

Trachemys scripta scripta
Espécie exótica, habitante original das regiões da Virginia, Carolina do Norte, Florida, Carolina do Sul e Georgia, nos Estados Unidos, apresentando a carapaça de coloração negra e de ventre amarelado. Difere da outra espécie exótica por não tem a "orelha vermelha".

Outras curiosidades
- As fêmeas dos cágados são maiores que os machos, proporcionalmente, em todas as espécies.

- O principal risco dos animais do Parcão, hoje, são os humanos. Alguns os maltratam, deixando traumas inclusive nos cascos.

- Para a reprodução, os cágados precisam expor os ovos ao sol. Por isso, se você vir um caminhando pelo parque, especialmente no período de setembro a dezembro, quando ocorre a nidificação, não tente levá-lo de volta para não atrapalhar.

- Os quelônios usam as bexigas acessórias para transportar água até o local do ninho, o que facilita a escavação dos buracos de até 16 centímetros de profundidade.

- Os predadores urbanos - diferente dos naturais, como o lagarto-do-papo-amarelo - são roedores, garças e insetos, que se alimentam também de ovos.

- Nos primeiros anos de vida, os quelônios são mais suscetíveis a predadores, até adquirir rigidez no casco e tamanho maiores.

- Quanto à alimentação, são todos parecidos: onívoros (comem tanto carne como vegetais) e predadores de caracóis e larvas aquáticas, peixes, anfíbios e pequenas aves.

(Por Thais Sardá, ZH, 07/01/2009)


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