Os projetos de manejo sustentável com impacto reduzido na Amazônia atualmente são realizados com intervalos de 30 anos entre um corte e outro de árvores de uma mesma área de exploração. No entanto, de acordo com o estudo publicado na revista "Biological Conservation", o prazo não é adequado para explorar o ipê.
Após remover 90% dos ipês com tamanho comercial na primeira exploração --o que é o permitido pela legislação brasileira-- o volume comercial de madeira não volta ao nível anterior à exploração em menos de 60 anos em todos os cenários projetados. Comparando as espécies ipê-amarelo e ipê-roxo, a situação é ainda mais complicada para a segunda.
Marco Lentini, do IFT, garante que o objetivo do artigo não é criticar o manejo sustentável na Amazônia. "Pelo contrário, é uma forma de mostrar evidências para o refinamento do manejo em direção à sustentabilidade."
Já Paulo Kageyama, ex-diretor de conservação de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, afirma que espécies raras como ipê, mogno, cedro e jatobá têm características ecológicas e genéticas que não permitem o seu manejo sustentável no período de 30 anos. "Uma população de árvores adultas exploradas no ano zero não terá uma nova população após 30 anos. Isso porque não existem jovens suficientes que permitam a sua maturidade nesse período."
(Por AFRA BALAZINA, Folha Online, 05/01/2009)