A EDP está a ultimar a construção de duas novas centrais de biomassa florestal, elevando para quatro o número de equipamentos do género já em 2009, disse fonte oficial da empresa.
Escusando-se a revelar montantes de investimento, a mesma fonte afirmou que as quatro centrais a biomassa terão uma potência total de 67 megavolts (Mv) e que, "progressivamente, fruto dos concursos lançados, se encontram em fase final de apreciação, serão construídas outras centrais de biomassa florestal, ao longo do espaço nacional".
"Actualmente a EDP tem interesses na área da biomassa, através das suas participações nas empresas Bioeléctrica e Ródão-Power que exploram, respectivamente, as centrais termoeléctricas a biomassa florestal em Mortágua, com a potência aparente de 10 Mv, e em Vila Velha do Ródão, com 13 Mv", adiantou.
Segundo a empresa, "a Bioeléctrica encontra-se a ultimar a construção de duas novas centrais de biomassa, uma na Figueira da Foz, com 30 Mv, e outra em Constância, com 14 Mv, unidades estas inseridas, tal como a do Ródão, em perímetros industriais de unidades de fabrico de pasta de papel do Grupo Altri", seu associado na área da biomassa.
"A EDP terá em operação comercial, nos próximos anos, oito centrais, com potências variáveis, sendo algumas de menor dimensão, pelo que atingiremos cerca de 130 Mv de potência aparente, sempre com base em centrais termoeléctricas que operam biomassa florestal", afirmou.
Uma das novas Centrais Termoeléctricas a Biomassa Florestal, a construir em Constância, nas instalações da Celulose do Caima, representa um investimento de 34 milhões de euros e deverá entrar em exploração comercial em Agosto de 2009.
A nova central, que terá uma potência instalada de 14,7 Mv, consumirá anualmente 160.000 toneladas de biomassa. No entanto, na sua área de influência, a "quantidade regular de biomassa de origem agro-industrial" vai suportar apenas "cerca de 15 por cento das suas necessidades".
A empresa lembra que o Grupo Altri, no qual a Caima se insere, "possui cerca de 30 por cento da área total de floresta na zona de influência da Central".
O projecto realça que, ao valorizar os resíduos florestais, a central contribuirá para a redução do risco de incêndios florestais e que as 160.000 toneladas de biomassa consumidas por ano "representam cerca de 4 milhões de euros canalizados para as empresas do sector silvícola e florestal da região".
Os promotores apontam ainda como impactos positivos, a promoção da criação de postos de trabalho indirectos na área florestal e o contributo para a diminuição de emissões de dióxido de carbono "em cerca de 60.000 toneladas por ano".
Produtores florestais dizem que não preço não é compensador
A maioria dos produtores florestais não está a enviar a biomassa para as centrais que produzem energia com estes resíduos porque o preço pago por tonelada acaba por resultar em prejuízo, segundo fonte do sector.
"A maioria não o faz porque dá prejuízo se o processo for todo feito de acordo com as técnicas de gestão", disse o vice-presidente da Cooperativa Três Serras de Lafões, que representa a zona de Viseu, Rui Ladeira.
De acordo com este engenheiro florestal, neste momento só está a funcionar a central de Mortágua.
"O preço que é pago é baixo para os produtores enviarem para as centrais. Não estão a pagar o que é devido para angariar a biomassa nas propriedades", afirmou Rui Ladeira, referindo a mão-de-obra e equipamentos que têm de se pagar.
"O custo anda à volta dos 28 a 31 euros por tonelada para todo o processo até se chegar à central. Se o pagamento for inferior não compensa", defendeu, acrescentando que ultimamente pagam aos produtores a 26 euros a tonelada à porta da fábrica, "o que é muito baixo".
Rui Ladeira indicou que havia a possibilidade de exportação para Itália a um preço superior, mas o problema do nemátodo do pinheiro veio exigir um tratamento, acabando com as vantagens.
"Ou isto passa a ser regulado e apoiado pelo poder central ou é difícil fazer as técnicas de gestão e diminuição de risco de incêndio", alertou.
(Ecosfera, 04/01/2008)