Deputado reeleito com 33.094 votos, Paulo Foletto (PSB) é o atual 2º secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Espírito Santo (AL-ES) e faz um balanço da gestão na Casa. Seu mandato destaca-se pela capacidade de articulação com o Governo do Estado e pelo compromisso com as bandeiras do cooperativismo, do meio ambiente e do crescimento sustentado do Espírito Santo, especialmente da região Noroeste capixaba.
O parlamentar é o atual coordenador da Comissão Interestadual da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe), que em 2008 fez progressos em uma luta constante por recursos para saneamento e recuperação da bacia. Paulo Foletto também defende a viabilização de políticas públicas diretamente ligadas aos recursos hídricos capixabas, como o Fundágua, o pagamento de incentivos para a preservação de nascentes em todo o Estado.
Confira a seguir trechos da entrevista com o deputado Paulo Foletto:
AL-ES – Como o senhor avalia o trabalho executado pela Mesa Diretora no biênio 2007-2008?
Deputado – Como a Assembléia é uma casa plural, a Mesa Diretora teve muito cuidado para lidar com os outros 27 deputados. Somos em 30, então acredito que a grande virtude desta Mesa foi manter a institucionalização que a AL-ES adquiriu nos últimos seis anos. Até o final de 2002 a Casa era questionada pela sociedade, pela imprensa e até por outros políticos. Atravessamos momentos que a sociedade não compactuava. No processo de recuperação que se iniciou em 2003, também dei sorte de fazer parte da diretoria que conseguiu organizar a Casa e devolver dinheiro para a população capixaba.
A atual Mesa Diretora coroa a institucionalização da Casa e isso deu lucro para a sociedade. Hoje a instituição está preservada e vem, a cada ano, a cada gerenciamento, dando um passo à frente. Duvido que hoje tenhamos um legislativo estadual tão econômico, que venha contribuindo tanto para a sociedade continuar dando seus passos. Isso é importante. Acompanhamos o movimento social e temos que dar suporte para que a sociedade cresça do ponto de vista econômico, cultural, educacional e espiritual. Temos cumprido esse papel. Vamos entregar a Mesa com muita serenidade, sem alvoroço, com sobra financeira satisfatória. Tudo isso demonstra o comprometimento da Assembléia com a população capixaba.
AL-ES – A população acompanha de perto esse processo de transparência do Legislativo. Como isso se dá?
Deputado – Essa é uma coisa que a população ansiava muito. Começou há seis anos e é o grande legado que estamos deixando. Instituímos um padrão de comportamento técnico dentro da Assembléia Legislativa que é muito difícil regredir. O acompanhamento da população, da imprensa, das organizações políticas, ONGs e entidades religiosas é feito com muita facilidade com o custo que este Poder representa para a população. E isso é de tão fácil acesso que a população não vai aceitar que se comece a dar passos para trás. Vai ter briga, reclamação e, sem dúvida, como isso aqui é uma caixa de ressonância da sociedade, essas conquistas que estamos conseguindo não vão se perder. Precisamos de transparência para que a população se sinta segura.
AL-ES – Os parlamentares têm boa relação com o governador Paulo Hartung (PMDB). Isso ajuda a atrair investimentos para as bases, principalmente para o interior do Estado?
Deputado – Temos um Governo forte, que soube se organizar, um governador que é um bom articulador político e um bom administrador público, que sabe montar a equipe e fazer planejamento. O Espírito Santo é o estado do Brasil que mais combateu a pobreza, diminuiu as desigualdades e que se desenvolveu em certos períodos a números comparáveis somente com a China. Temos crescimento acima da média brasileira, estamos entre os três estados que mais têm estabilidade econômica. Isso se traduz em um Executivo que tem domínio da máquina, que tem organização, boa interação com outros Poderes. E aí não tem jeito. O deputado fica ouvindo na rua e tem que se posicionar. Por isso que existe o questionamento de a Ales ser muito conivente, subserviente e concordar, mas acho que nós apenas estamos acompanhando o que estamos vendo dar certo. E o interior ganha com isso porque nós temos quase um terço da Ales representando e trabalhando pelo Norte do Estado.
AL-ES – O deputado é o coordenador regional da Cipe Rio Doce. A recuperação de bacias hidrográficas é uma preocupação constante de seu mandato?
Deputado – A questão da água é mundial depois que se configuraram as mudanças climáticas. O aquecimento global trouxe chuvas intensas e não tem jeito, cada vez vai chover mais em períodos menores e em regiões concentradas. Tivemos erros científicos primários e hoje o Espírito Santo possui, no total, 8% de cobertura florestal, mas temos lugares com apenas 1%. Os mananciais hídricos também se perderam e essa questão está ficando cada vez pior. Se não trabalharmos isso, o Rio Doce, que é maior do Estado, possivelmente será a maior fonte de abastecimento de água da região Metropolitana. Para que não seja preciso deslocar água por mais de 100 km é preciso recuperar agora os mananciais e essa é a preocupação da Cipe. Muito se falou e pouco se fez. Temos que buscar resultados positivos, colocar o Fundágua para funcionar. Temos que valorizar o produtor de água que preserva os recursos hídricos.
AL-ES – O parlamentar defende uma distribuição melhor de receitas para os municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Como está o Prodnorte?
Deputado – O Prodnorte surgiu em função da dificuldade do extremo Norte capixaba, que envolve oito municípios, e nós temos esse “boné” do Espírito Santo que faz divisa com o sul da Bahia e Minas Gerais, região pobre e semi-árida. Então vamos fazer um mapeamento para definir as dificuldades e virtudes de cada município e para desenvolver os pontos altos de cada lugar. A central do Prodnorte ficará em um ponto da BR-101. Assim poderemos mostrar as belezas de cada cidade, turismo ecológico, potencialidades econômicas e, ao longo da rodovia, mostrar aos turistas uma entrada para esses lugares, dando destaque para a questão agroecológica. Estamos em fase final, o consórcio já foi assinado e junto ao Governo do Estado vamos realizar ações de recuperação ambiental e desenvolvimento econômico desses lugares.
(Por Luciana Pimentel, AL-ES, 30/12/2008)