O Movimento dos Sem-Terra (MST) prepara uma jornada de marchas e invasões em todo o País para comemorar os 25 anos de existência da organização - que se completam este mês. Foi em janeiro de 1984 que o movimento definiu a bandeira de luta pela reforma agrária em Cascavel, no Paraná. Em nota divulgada pela coordenação nacional, o MST convoca os militantes para a ação.
"Não haverá maneira e lugar melhores para comemorarmos nossos 25 anos do que com lutas nas ruas e ocupações de latifúndios", diz a nota.
As coordenações estaduais do movimento terão autonomia para definir as formas de mobilização. As datas não são anunciadas para evitar uma possível repressão. O objetivo é recolocar a questão agrária em pauta, já que, segundo a coordenação nacional, o governo federal abandonou a reforma.
"Mais do que nunca temos a convicção de que a única reforma agrária possível é aquela feita pelo povo", ressalta a nota.
O MST considera que a crise econômica internacional expôs a "fragilidade" do projeto neoliberal e deve favorecer sua luta: "Este momento de fragilidade, se transformado em bandeiras de luta e mobilizações de massa, poderá ser uma oportunidade histórica para a classe trabalhadora."
Integrante da coordenação nacional, José Roberto Silva considera que, nos últimos seis anos, a reforma agrária parou. Embora o governo divulgue ter assentado 448 mil famílias, apenas 150 mil foram efetivamente assentadas, segundo suas informações: "Há uma grande propaganda sobre a quantidade de assentamentos, mas o que o governo tem feito é o mesmo processo que outros governos fizeram, maquiando números."
Em 2008, de acordo com o líder, não foram atingidos 10% da meta estabelecida pelo governo. "Temos mais de 100 mil famílias acampadas". diz ele.
(Por José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo, 03/01/2009)