Decretos do governo federal publicados nesta semana asseguram mais cinco áreas para assentamentos

O ano de 2008 termina com mais uma mostra do êxito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre os pecuaristas gaúchos. Publicados no início desta semana no Diário Oficial da União, decretos garantiram a desapropriação de quatro áreas destinadas à reforma agrária em São Gabriel, na Fronteira Oeste. Uma quinta fazenda, em Alegrete, também será destinada a assentamentos.

No início de dezembro, o MST já comemorava a compra, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de parte da Estância do Céu, em São Gabriel. Pertencente à família de Alfredo Southall, a propriedade era o baluarte da resistência pecuarista.

Durante cinco anos, Southall e outros estancieiros do município resistiram ao cerco do MST, que terá motivos de sobra para comemorar a passagem de ano. O empurrão final para a queda da última trincheira pecuarista havia sido dado em outubro, quando os fazendeiros perderam um aliado de peso: a Aracruz.

Alegando prejuízos com a crise financeira, a empresa suspendeu o investimento de R$ 4,9 bilhões no Estado. Parte desse dinheiro seria para compra e arrendamento de terras para o plantio de eucaliptos em 36 municípios, entre eles São Gabriel.

Incra espera assentar 724 famílias até fevereiro de 2009
A mudança de planos da empresa contribuiu para acelerar o avanço dos sem-terra. Quase simultaneamente à aquisição de 5 mil hectares da propriedade de Southall em dezembro, o governo federal adquiriu outras quatro áreas que, com a Estância do Céu, somam 9,4 mil hectares. Ao todo, ao longo de 2008, o número de imóveis desapropriados no Estado chegou a 13. Cada hectare foi adquirido, segundo o Incra, por um valor que variou de R$ 4,5 mil a R$ 6,4 mil.

Com esse resultado, a expectativa do Incra é de que, até fevereiro, 724 famílias sejam assentadas nas novas áreas. O processo deve ter início já em janeiro, quando, segundo o superintendente regional do órgão, Mozar Artur Dietrich, deverá ser feita uma seleção nos 15 acampamentos do MST no Estado para definir os assentados. O Incra planeja começar a remoção de famílias para esses locais ainda no início de 2009.

(ZH, 31/12/2008)