A prefeitura de Mucajaí pretende acabar com o desmatamento para fins agrícolas na região, até 2012. A informação se refere ao projeto ‘Desmatamento Zero’ e foi fornecida pelo deputado federal Édio Lopes (PMDB) e pelo prefeito eleito de Mucajaí Elton Gordo Lopes (PMDB), em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha (AM 1020), apresentado na manhã de domingo pelo economista Getúlio Cruz.
A idéia do projeto, que terá a participação das esferas governamentais federal, estadual e municipal e da sociedade de Mucajaí, surgiu em uma audiência pública realizada este ano entre o deputado e o prefeito com o ministro do meio ambiente Carlos Minc, em Brasília.
Segundo Elton Lopes, a ida ao Ministério objetivava discutir questões relacionadas à Floresta Nacional de Roraima (Flona) e aos projetos de assentamentos Vila Nova e Samaúma. No entanto, no encontro foi proposta a idéia de reduzir o desmatamento em Roraima, particularmente, em Mucajaí que, conforme o prefeito, é conhecido negativamente na instituição ambiental devido ao incêndio ocorrido em 1998 e amplamente divulgado pela mídia nacional.
“Pretendemos unir a modernização da agricultura com a redução gradativa do desflorestamento. Temos comunidades agrícolas antigas, na qual todos os lotes já ultrapassaram os 20% de área desmatada permitida pela lei, então, a idéia é com a mecanização da atividade agrícola, incentivar a piscicultura, a fruticultura, dentre outros, nestas áreas já desmatadas, diminuindo, desta forma, a destruição das florestas, para alcançarmos a nossa meta em 2012”, afirma o prefeito.
Édio Lopes caracteriza o objetivo do projeto, que tem perspectiva de iniciar no segundo semestre de 2009 ou começo de 2010, como audacioso, pois pode tornar Mucajaí um exemplo para outros municípios da Amazônia. Ele diz também que a ação, além de beneficiar o meio ambiente, dará mecanismos para que o agricultor retire da propriedade os produtos necessários ao consumo e à comercialização.
“O administrador público tem que ser audacioso. É necessário inovar e ter coragem de colocar metas que outros, às vezes, julgam impossíveis ou inadmissíveis. Nossa proposta é mostrar ao agricultor que é possível ocupar de forma racional as áreas já degradadas, até porque o produtor não quer derrubar a mata, ele faz isso porque não tem tecnologia, recursos e outros meios para sobreviver”, diz o deputado.
No entanto, a idéia de aproveitar as regiões desmatadas das propriedades do pequeno agricultor, conhecidas popularmente como juquira, segundo os dois políticos, pode induzir ao pensamento de que existirão punições aos produtores locais, algo que o deputado e prefeito fazem questão de esclarecer.
“Queremos tranqüilizar os agricultores de Mucajaí, pois não se trata de nenhum projeto de repressão, com multas, dentre outras ações punitivas. Queremos e estamos trabalhando em conjunto com o Minc [Ministro do Meio Ambiente] para buscar a ocupação de áreas degradas. Para isso, antes de começarmos, haverá um processo de conscientização e um levantamento da real situação do local”, explica Édio Lopes.
Prefeito afirma que projeto pode elevar economia do Município
Para o prefeito Elton Lopes, a iniciativa ‘Desmatamento Zero’ vai desenvolver a economia de Mucajaí, pois além de proteger o meio ambiente, provocará a modernização da agricultura, setor para o qual o município tem vocação.
“Temos certeza que com este projeto vamos elevar a economia do Município, porque uniremos dois pontos importantes e incentivaremos a fruticultura, piscicultura, dentre outras atividades rurais”, afirma. Outro ponto de destaque da ação é apontado por Édio Lopes, que defende o reconhecimento que Mucajaí e Roraima podem ter depois da conquista da meta.
“Queremos, em quatro anos, mostrar ao Brasil que é possível produzir mais e melhor sem desmatar a Amazônia, porque acho que é possível desenvolvê-la, fazê-la progredir e produzir aproveitando a área desmatada que temos, pois é mais que suficiente para alcançarmos este objetivo, porém, é preciso dar ao agricultor uma alternativa de produção”, conclui o deputado.
(Folha de Boa Vista, Amazonia.org.br, 30/12/2008)