Depois que a Aracruz Celulose retirou os eucaliptos das aldeias indígenas do Estado, os trabalhos prometidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai) não começaram nas aldeias indígenas do norte do Estado. Os índios ressaltam que o estudo que deveria estudar as necessidades da comunidade, para a elaboração de projetos sustentáveis, foi adiado mais uma vez.
O estudo é previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que regulamentou a retomada do território indígena de 11.009 hectares na região, e deveria ter sido iniciado no começo de 2008, mas desde lá vem sendo adiado.
Segundo os índios, alguns técnicos chegaram a visitar as aldeias com o objetivo de formar grupos para auxiliá-los na construção de projetos que garantam a sustentabilidade das famílias indígenas do Estado. Na ocasião, a Funai chegou a anunciar que os estudos seriam iniciados quando os eucaliptos fossem retirados da terra, mas isso também não ocorreu. “Está tudo parado, tiraram o eucalipto e acabou tudo, nem sinal do estudo”, ressaltou a cacique Edinéia Pinto, de Irajá.
Os estudos custarão R$ 380 mil à Aracruz Celulose, responsável pela degradação da terra, e tem o objetivo de estabelecer critérios para o reflorestamento da região com espécies nativas e criar projetos para a produção de alimentos e o cultivo de peixes em tanques, na tentativa de amenizar os prejuízos que durante 40 anos essas comunidades amargaram no norte do Estado.
Sem o estudo, ressaltam os indígenas, a comunidade fica de mãos atadas para desenvolver qualquer atividade na região. Além de avaliar as condições da terra e elaborar projetos, o estudo avaliará também os prejuízos culturais causados pela exploração na região, as formas de vida no passado, e como isso poderá ser resgatado para a realidade atual.
A expectativa é reverter a situação de degradação em que se encontra o território indígena. Com a ocupação da Aracruz Celulose, além da mata atlântica que foi devastada, sofreram os animais da região, que debandaram, os rios foram contaminados e, conseqüentemente, a comunidade se viu sem recursos de subsistência.
A região vinha sendo explorada pela Aracruz Celulose desde a ditadura militar.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 30/12/2008)