O Relatório Anual das Águas do Rio Grande do Sul deve ser anunciado nos primeiros dias de 2009. Já concluído, o estudo realizado por técnicos do Departamento de Recursos Hídricos (DRH), será publicado no site da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
O diretor do DRH, Paulo Renato Paim antecipa alguns resultados do relatório. Segundo ele, o principal uso das águas do Estado ainda é a irrigação para a atividade agrícola. Algo em torno de 90%. "Porém é bom destacar que boa parte dessa água é retornada", explica. O restante é dividido entre abastecimento público e uso para Indústria.
Paim comenta que a cada ano o uso da água vem sendo reduzido, e isso quer dizer, de acordo com o especialista, que seu consumo pode estar sendo mais racional. Paim aponta algumas possíveis razões: tecnologia de ponta, no caso das indústrias; novas práticas na agricultura como plantio direto e reduçao de irrigação por hectare; reúso da água e mais eficiência por parte das companhias de saneamento.
Apesar de uma provável redução em seu consumo, o engenheiro sanitarista afirma que ainda é preciso melhorar o uso domiciliar. "Percebe-se que houve uma evolução pela compreensão, mas não é possivel mensurar o quanto", diz.
Quem mais reduziu
O dado sobre onde houve maior redução do consumo ainda precisa ser confirmado pelo relatório, mas Paim acredita que seja a agricultura. Conforme ele, há cinco anos a média de consumo era de 12 mil metros cúbicos de água por hectare/ano. Hoje esta média estaria em oito mil metros cúbicos de água por hectare/ano.
Para a geógrafa, Elaine dos Santos, também do DRH e que trabalhou no relatório, a redução da utilização da água pela agricultura irrigada varia conforme técnica do produtor e por bacia hidrográfica. Segundo ela, sendo assim, a média hoje é de 10 mil metros cúbicos por hectare/ano.
"Pelo relatório não dá para afirmar que houve uma redução significativa, embora saibamos pelos comitês de bacia que é possível existir essa redução", diz. Ela lembra que o Conselho de Recursos Hídricos tem mecanismos de controle do uso da água como, por exemplo, resoluções que inibem a tomada de água em períodos de estiagem para irrigação. "Nesses momentos de crise o abastecimento domiciliar deve ser prioritário sempre", afirma.
Irrigação já obtêm recursos
O Pró-Irrigação/RS, aprovado por unanimidade em 14 de novembro pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, já está recebendo recursos para construção de açúdes nas regiões mais afetadas pela seca que já se avizinha.
Os primeiros recursos, cerca de 20 milhões de reais, foram liberados dia 9 de dezembro e são oriundos do Orçamento do Estado e do Fundo de Investimentos de Recursos Hídricos, instituído há mais de três décadas, e que hoje é rateado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Secretaria Especial de Irrigação e de Obras.
Esse dinheiro servirá para construção da primeira leva de 500 micros-açudes que já possuem projetos aprovados pela secretaria e produtores capacitados pela Emater. O objetivo do Governo do Estado é de construir 16 mil micro açudes até o fim do mandato atual consumindo valor aproximado de R$ 1 bilhão.
(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 30/12/2008)