Com a prisão na sexta-feira (26/12), no Pará, de Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, os grileiros que atuam na região devem "colocar as barbas de molho". A afirmação é do procurador da República Felício Pontes.
Segundo ele, outros casos estão sendo investigados e a expectativa é de que mais grileiros sejam presos. "Conseguimos com o Regivaldo pegar o peixe maior do ponto de vista econômico. A mensagem que fica é que se conseguimos prender o fazendeiro de maior poder econômico nessa região, é claro que os outros devem ficar com as barbas de molho", disse Pontes.
O fazendeiro foi preso anteontem por grilagem e estelionato. A prisão preventiva foi pedida pelo Ministério Público Federal, após a descoberta da tentativa de negociação do lote 55, em Anapu, na região da Transamazônica. O lote é o mesmo que levou ao conflito que resultou na morte de Dorothy, em 2005.
No lote é desenvolvido o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança. A terra é pública, no entanto, grileiros, entre eles Taradão, vêm tentando negociar a terra com documentos falsos de propriedade.
Em outubro deste ano, uma ata do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) relata uma reunião em que ele teria afirmado a colonos e agricultores ter a posse do lote 55 e proposto uma troca por outras terras. Em depoimento, no entanto, Taradão negou ter a posse da terra.
O procurador disse que a absolvição em segundo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, conhecido como Bida, e também acusado de envolvimento no assassinato da missionária, estimulou outros fazendeiros da região a tentar grilar terras onde estão assentados colonos. No primeiro julgamento ele havia sido condenado a 30 anos de prisão.
"Essas pessoas estão colocando em xeque o próprio programa de reforma agrária do governo federal. Não tem como fazer com que um colono consiga produzir se ele está ameaçado o tempo todo de ser despejado de sua terra", afirmou Pontes.
Taradão chegou a ficar preso por mais de um ano, mas em 2006 conseguiu um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e aguardava o julgamento em liberdade.
(Folha online, com Agência Brasil, 28/12/2008)