Um antigo aqüífero do tamanho da Líbia é a esperança da Austrália para evitar uma crise hídrica de grandes proporções por causa das mudanças climáticas.
A chamada Grande Bacia Artesiana é um dos maiores aqüíferos do mundo, abrangendo 1,7 milhão de quilômetros quadrados -- estende-se sob um quinto da Austrália. Ela contém 65 milhões de gigalitros (bilhões de litros) de água, cerca de 820 vezes a quantidade de água na superfície da ilha, e suficiente para cobrir todas as terras do globo com meio metro de água, segundo o Comitê Coordenador da Grande Bacia Artesiana.
E lentamente esse aqüífero é abastecido com 1 milhão de megalitros por ano, já que a água das chuvas se infiltra pelo arenito poroso e fica presa entre as rochas. "Provavelmente há aqui água suficiente para atender às necessidades da Austrália por 1.500 anos, se quiséssemos usá-la toda", disse John Hillier, hidrologista que acaba de concluir um levantamento dos recursos da Grande Bacia Artesiana.
Mas ele e outros especialistas alertam que o acesso ao aqüífero está ameaçado pelo declínio da pressão artesiana, que força a água até a superfície por meio de fontes e aflorações. Se a pressão artesiana cair demais, devido à extração excessiva, essa antiga fonte de água só poderá ser explorada por meio de um custoso bombeamento.
A bacia fica a até 2 quilômetros abaixo da superfície, e sua profundidade em alguns pontos atinge 3 quilômetros. Ela foi formada entre 100 e 250 milhões de anos atrás, e consiste numa alternância de camadas de aqüíferos de arenito, que contêm a água, e de sedimentos que não contêm água.
A água que aflora é essencial para a mineração, o turismo e a pecuária nos Estados de Queensland, Nova Gales do Sul e Austrália do Sul, e no Território Norte. A água subterrânea permite uma produção anual de 2,4 bilhões de dólares norte-americanos em termos de agricultura, mineração e turismo, segundo o Comitê Coordenador da Grande Bacia Artesiana.
O setor de mineração e petróleo extrai 31 mil megalitros da bacia por ano, usados na produção ou devolvidos como subproduto da atividade. Já a utilização na pecuária é bem maior -- 500 mil megalitros por ano, para abastecer algumas das áreas mais produtivas deste país em geral árido.
(Por Michael Perry, Reuters, Abril, 24/12/2008)