O futuro da área do antigo Estaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre, deverá ser decidido somente em 2009. Em reunião realizada ontem, a maioria dos líderes partidários e integrantes da mesa diretora da Câmara de Vereadores decidiu adiar a análise do veto do prefeito José Fogaça ao projeto do Pontal do Estaleiro.

Inicialmente, tanto a apreciação do veto quanto a avaliação da proposta do Executivo de promover um referendo popular sobre o tema estavam previstas para o próximo dia 29. Com a mudança, a questão ficará a cargo da próxima legislatura, depois do recesso de janeiro.

A alteração, conforme o presidente da Câmara, Sebastião Melo (PMDB), foi motivada porque na mesma data deverão ser votados os projetos de lei que tratam das áreas dos novos estádios do Inter (Complexo Beira-Rio) e do Grêmio (Arena Tricolor).

– Esses dois projetos deverão consumir muito tempo, o que poderia acabar prejudicando a votação referente ao Pontal. Além disso, não conseguimos terminar o projeto e queremos votá-lo com o veto – afirmou Melo.

De autoria da BM PAR Empreendimentos, em conjunto com a Debiagi Arquitetos e Urbanistas, a proposta de remodelação do Estaleiro Só, no bairro Cristal, prevê R$ 150 milhões para a construção de um complexo com prédios comerciais e residenciais junto à orla do Guaíba.

A obra prevê a instalação de restaurantes e de cafés nos terrenos de dois prédios comerciais e quatro edifícios residenciais, com um total de 216 apartamentos.

Além disso, o píer existente seria remodelado, com a construção de um segundo pavimento e a abertura de bares e churrascaria.

A proposta, cuja votação chegou a ser adiada por quatro vezes em 60 dias e foi alvo de uma enxurrada de liminares, foi aprovada pelos vereadores no dia 12 de novembro, por 20 votos a 14, em uma sessão tumultuada. Depois da aprovação, os vereadores Beto Moesch (PP) e Neuza Canabarro (PDT) insinuaram, em entrevistas, que votos teriam sido comprados.

A suspeita levou o Ministério Público a instaurar uma investigação preliminar sobre o caso. O resultado da averiguação deve ser divulgado hoje.

(ZH, 24/12/2008)