A fazenda Itaguaçu, uma das áreas compradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Gabriel para reforma agrária, foi invadida por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A invasão ocorreu na tarde de domingo. Integrantes do MST relataram ao Incra que estavam passando pelo local, quando teriam visto o dono da propriedade retirar benfeitorias que teriam sido compradas pelo órgão. O proprietário da fazenda, Anefi Figueiredo, nega que os materiais retirados tenham sido vendidos.
À tarde, cerca de 50 pessoas continuavam na fazenda, que tem 1.996 hectares. Para evitar confrontos, o Incra fez um acordo com Figueiredo para que a retirada dos equipamentos fosse feita até a manhã de hoje, sem a presença da Brigada Militar. Apenas um oficial de Justiça acompanha a retirada. Figueiredo garantiu que, se a retirada dos materiais e de mais 400 cabeças de gado ocorrer sem problemas, não haverá pedido de reintegração de posse. Apesar de a área já ter sido comprada pelo Incra, o proprietário tinha 60 dias para deixar o local. O prazo vence em 3 de fevereiro.
– Se me deixarem tirar as minhas coisas, deixo a terra antes do prazo previsto – disse Figueiredo.
Ele afirma que retirou três galpões de madeira e maquinários que não haviam sido indenizados pelo Incra. O órgão afirmou que as benfeitorias não indenizadas eram um galpão, um anexo e uma balança de bovinos.
Ontem à tarde, o Incra afirmou que equipes do instituto farão uma vistoria no local. Se houver algo que foi indenizado e tenha sido retirado da fazenda, o proprietário terá de pagar. Ao todo, 122 famílias aguardam para serem assentadas no local.
Na última quinta-feira, o MST tomou posse da Estância do Céu, terra que desde 2003 era motivo de embate entre integrantes do movimento e ruralistas. O movimento recebeu quatro áreas em São Gabriel e uma em Santa Margarida do Sul. Só na Estância do Céu, que será chamada de assentamento Conquista do Caiboaté, ficarão cerca de 300 famílias.
(ZH, 29/12/2008)