O governo do Acre quer investir R$ 30 milhões em apoio a comunidades extrativistas para garantir a continuidade da luta de Chico Mendes e evitar a derrubada de florestas do estado.
A previsão é do governador Binho Marques, que defende a competitividade dos produtos extrativistas para “nadar contra a maré da criação de gado” que pressiona o desmatamento na Amazônia.
Vinte anos depois da morte de Chico Mendes, o governador aponta dificuldades para a consolidação de uma economia sustentável no Acre, diante da concorrência com o gado, que coloca em risco a floresta em nome da abertura de pastos para a pecuária.
“É muito mais fácil trabalhar com um produto que tem mercado garantido. E é contra isso que lutamos, contra uma lei de mercado, que nos coloca numa situação difícil”, afirmou, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia.
Herdeiro político da luta de Chico Mendes, Binho Marques compara a criação de reservas extrativistas – a partir das idéias do seringueiro – a um novo conceito de reforma agrária para a Amazônia.
“Uma reforma diferente do modo tradicional, rural, de 50 hectares por família. Ele queria que toda uma área de seringal fosse delimitada, que ela pertencesse à União e que os moradores tivessem direito de uso dessa área e que fizessem a gestão coletiva”, lembrou.
“O nosso desafio é criar oportunidades para que os seringueiros possam ter atividades sustentáveis nessas reservas”, acrescentou.
O Acre é um dos estados menos desmatados da Amazônia Legal. Apenas 10% da área de florestas do estado foram derrubadas. No sul de Rondônia, estado vizinho, o percentual chega a 80% em alguns trechos da floresta.
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Agência Brasil, 23/12/2008)