É a (já) velha ameaça das mudanças climáticas. Desta vez, um grupo de peritos em meteorologia concretiza as previsões de tempo: O natal branco nos locais mais temperados do hemisfério norte é cada vez mais raro e tudo vai piorar em 2100. Nesse ano, as cidades em baixas altitudes (cerca de 30 metros acima do nível do mar) como Berlim já não terão direito a neve
O aviso para perigo do aquecimento global é conhecido. No entanto, não haverá altura mais oportuna para lembrar a ameaça das mudanças climáticas. Numa altura em que ainda temos nevões garantidos nesta época do ano, um grupo de especialistas vem a público dizer que este bonito cenário branco pode acabar. Friedrich-Wilhelm Gerstengarber, investigador no Potsdam Institute for Climate Impact Research, contou a Reuters como o natal deverá aquecer: “A probabilidade de cair neve no Natal é já mais baixa do que há 50 anos mas vai-se tornar uma raridade na segunda metade do século”.
Desde 1900 as temperaturas já subiram 0,7 graus celsius em diversos locais da Ásia, Europa e América do Norte. A emissão de gases, que segundo os especialistas, está a aquecer o mundo aumentou 70 por cento desde 1970. Tomando como exemplo a cidade de Berlim, o especialista nota que as hipóteses de queda de neve na cidade entre os dias 24 e 26 de Dezembro caíram dos 20 por cento há um século para os 15 por cento em 2008. Em 2100 as probabilidades serão inferiores a 5 por cento. Aliás, o último natal branco de Berlim terá sido em 2001 e os peritos avisam que, do ponto de vista estatístico, não deverá cair neve este ano também.
Paal Prestrud, director do Centre for International Climate and Environmental Research em Oslo, aproveita uma tradicional banda sonora para fazer o alerta. Em declarações à Reuters, afirma que o “White Christmas” (da música de 1940 de Irving Berlin que Bing Crosby tornou famosa) vai ser raro. O perito usa o exemplo mais próximo e afirma que “a probabilidade de neve desceu mais rapidamente em locais como Oslo, onde as temperaturas de Inverno aumentaram quase um grau”. Em 1900 Oslo tinha uma média de 150 dias de neve por ano, hoje são apenas 100.
O declínio é lento mas certo. Os especialistas não anunciam já a morte do Natal branco mas lembram que pelo andar deste planeta, dentro de alguns anos, será preciso fugir para zonas de montanha ou para cidades como Munique para encontrar neve em Dezembro.
(Ecosfera, 23/12/2008)