A baixa no nível do Guaíba deu origem a uma praia inusitada, com vista para o centro de Porto Alegre. E foi ali, diante do Gasômetro e do Cais do Porto, que a família da médica Beatriz Amaral, 55 anos, instalou seu guarda-sol sábado à tarde.
Com uma medição 40 centímetros abaixo da média histórica para o mês de dezembro, os bancos de areia proliferam. Ao observar um deles do sétimo andar do prédio onde moram, na Rua Santo Inácio, no Moinhos de Vento, a família decidiu ir até lá. Empolgados com a expedição, Beatriz e o marido, o também médico Ney Mário Amaral, 61 anos, mais o filho do casal, Felipe, e dois amigos dele pegaram o barco da família, ancorado na zona sul de Porto Alegre. Por volta das 16h, faziam churrasco, bebiam cerveja e jogavam futebol no banco de areia. A família só lamentou não ter podido tomar banho, por causa da poluição da água.
– Ficamos até o pôr-do-sol. Ao fundo tinha a chaminé do Gasômetro e sua árvore de Natal. Foi muito bonito – disse Beatriz.
O banco de areia foi percebido pela família há um mês. Quando chovia, ele diminuía um pouco. Agora, faz duas semanas que a ilha só cresce. Segundo o secretário da Defesa Civil de Porto Alegre, Sidnei Viapiana, o baixo nível se deve à falta de chuva, mas, por enquanto, a situação não preocupa. O Departamento Municipal de Água e Esgotos também descarta risco de desabastecimento.
Na sexta-feira, a régua instalada na Ilha da Pintada media 0,28 centímetros, e a do Cais do Porto 0,36. A altura das águas é em relação ao nível do mar, por isso, mesmo quando o índice chega a zero, o Guaíba não está totalmente seco.
(ZH, 22/12/2008)