Uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi pego por uma emboscada e morreu sem chances de socorro no dia 22 de dezembro de 1988. Dias antes, o fazendeiro Darly Alves Da Silva havia desafiado seu filho, Darci Alves da Silva, a assassinar o líder seringueiro, na época presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Mendes impedia que Darly e outros fazendeiros da região realizassem grandes derrubadas de seringueiras e castanheiras, principais fontes econômicas dos extrativistas do Acre.
Dois anos após a morte de Chico Mendes, a Justiça condenou a 19 anos de prisão Darly e Darci Alves por serem os responsáveis pelo crime. Em fevereiro de 1993, no entanto, eles fugiram da prisão e esconderam-se num assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no interior no Pará.
Darly conseguiu inclusive obter financiamento público do Banco da Amazônia, sob falsa identidade. Eles só foram recapturados em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu a Darly uma segunda condenação: mais dois anos e oito meses de prisão.
Benefício Até agosto de 2006, Darly estava cumprindo pena no presídio estadual de Rio Branco, a pedido da Justiça Federal de Santarém, Pará. No entanto, em dezembro de 2007, na mesma semana em que o assassinado de Chico Mendes completava 19 anos, Darly volta a Xapuri por determinação da juíza da Vara de Execuções Penais, Maha Kouzi Manasfi. A decisão atende ao pedido solicitado pelo advogado de defesa de Darly, Heitor Andrade Macedo, sob a alegação de que ele é portador de gastrite crônica, e que, em decorrência da idade avançada, necessita de cuidados médicos especiais.
Atualmente, após 20 anos do assassinado do líder seringueiro e 18 anos depois do julgamento do crime, Darly continua morando na cidade. Ele está cumprindo sua pena em sua fazenda -a Fazenda Paraná- local onde foi tramada a morte de Chico Mendes. "O Chico Mendes era um bandido. O homem nunca foi seringueiro, nunca trabalhou, nunca pagou imposto", disse o fazendeiro em entrevista ao Fantástico. Ele, durante a entrevista, negou ser o culpado pelo assassinato de Mendes. "O matador não é quem puxa o dedo, é quem provoca a morte. O Chico Mendes ninguém matou, quem se matou foi ele mesmo (sic), que provocou a morte. Não porque ele mexeu só comigo, mexeu com todo mundo", afirmou.
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Amazonia.org.br, 22/12/2008)