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agroextrativismo
2008-12-22
Vinte anos depois do assassinato de Chico Mendes, a consolidação das reservas extrativistas, que aliam preservação e desenvolvimento de populações tradicionais, é úm dos resultados do trabalho do líder seringueiro, reconhecido com uma das primeiras vozes contra o desmatamento da Amazônia. A avaliação é do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello.

“Ampliamos o sonho, o que era uma idéia do Chico virou realidade. Avançamos também no modelo: o que Chico Mendes plantou nos seringais já chegou ao mar, por exemplo: temos reservas extrativistas no mar.”

Segundo Mello, a criação de um conjunto de unidades de conservação de uso sustentável – Resex, Reservas de Desenvolvimento Sustentável e Florestas Nacionais – permite a exploração dos recursos naturais pelas populações que vivem no interior dessas áreas. Mais de 46 mil famílias vivem nessas unidades atualmente.

Mello reconhece, no entanto, que a consolidação das Resex ainda precisa avançar e compara os desafios aos chamados empates, promovidos pelos seringueiros para impedir a derrubada da floresta. “A mesma luta que o Chico começou lá atrás, nós ainda temos que enfrentar. Não é razoável encontrar boi em reservas extrativistas”, afirmou, em referência a focos de desmatamento e de atividade pecuária no interior de reservas.

O principal instrumento para garantir a sobrevivência digna dos trabalhadores com a preservação da floresta – sonho de Chico Mendes – segundo Mello, é a valorização da floresta em pé, para que a preservação tenha mais valor econômico do que o desmatamento.

O presidente do ICMBio apontou, entre as medidas mais imediatas, a definição de preços mínimos para os produtos extrativistas, para que itens como o látex da seringueira, castanhas e óleos ganhem competitividade e desestimulem a criação de gado, que pressiona o desmatamento da floresta. “Precisamos criar mecanismos de consolidação para remuneração de serviços ambientais. Isso fará uma diferença significativa para que a pessoa deixe de chamar de mata – de forma pejorativa – e entenda como floresta.”

(Agência Brasil, 22/12/2008)

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