Organizações guatemaltecas e mexicanas, reunidas nos dias 6 e 7 de dezembro de 2008, em Mazapa de Madero, na região de Sierra Madre de Chiapas, rechaçaram a exploração mineira e os megaprojetos transnacionais implementados em seus países. Em declaração dirigida aos povos da Guatemala e do México, às organizações democráticas e independentes, aos organismos defensores dos direitos humanos e aos meios de comunicação, expuseram suas reflexões acerca da situação.
As organizações expressaram que a atividade mineira realizada hoje pelas empresas transnacionais, não traz desenvolvimento, nem empregos, nem benefícios de nenhum tipo a seus povos, mas sim um saque vergonhoso de seus recursos naturais. Afirmaram que sua forma selvagem de exploração somente traz danos graves à saúde da população, assim como uma contaminação irreversível de rios, lagos, poços, águas subterrâneas, terras e ar, devido ao uso diário de muitas toneladas de diferentes explosivos e substâncias tóxicas altamente perigosas.
Além disso, as entidades destacaram que a maior parte dos lugares onde pretendem realizar a atividade mineira é em montanhas e serras onde nascem os rios e aqüíferos que serão gravemente envenenados com diferentes substâncias tóxicas: "Ao usar milhões de litros diários de água, as minas constituem uma séria ameaça para a conservação das reservas de água subterrânea e corrente, sem as quais não podemos viver".
Outros problemas provocados por esses projetos mineiros são a divisão e os conflitos sociais nas comunidades, assim como a corrupção de pessoas e autoridades de diferentes níveis. As organizações enfatizam que os poucos empregos criados por essas transnacionais não alcançam a todos e são trabalhos muito perigosos, temporários e de risco.
Os povos denunciam que as atividades mineiras são amparadas pelos governos de ambos os países. Segundo eles, as transnacionais "utilizam qualquer pretexto ou inventam ações violentas, com o fim de justificar uma militarização das zonas com recursos mineiros para exercer o controle social que as transnacionais necessitam para sua atividade mineira".
Por causa de tudo isso, as organizações acordaram em rechaçar planos e políticas atuais e futuras que pretendem tirar os recursos naturais de suas comunidades, assim como submete-las a megaprojetos como o Plano Puebla-Panamá (PPP). Além disso, declararam lesivas para seus povos as licenças de mineração a céu aberto, autorizadas ilegalmente em seus territórios, e exigiram seu cancelamento.
"Fazemos um chamado a todos os povos e comunidades para reconstruir o tecido social a fim de fortalecer a unidade e a solidariedade como valores que nos dêem energia suficiente para enfrentar essas ameaças global, a qual devemos dar uma resposta global, sem fronteiras", afirmam na declaração.
(Adital, 19/12/2008)